Procuro observar as sombras, de cada cômodo, para me certificar que são somente sombras. Eu sei que serei forte pra estar sempre certa de que não há mais nada fazendo barulho, a não ser os carros lá fora, as folhas se mexendo no jardim, e foi exatamente por ter essa certeza, que deixei minha janela aberta. Eu serei forte, para que quando não for somente sombras, e folhas se mexendo, ou não for algo que caiu do nada de cima da estante, eu vou vou sim, me levantar diante do que for, e vou encarar. Dizer que faça o que quiser, que vou estar protegida, por Deus. Dizer que sou muito ignorante para simplesmente pedir que siga uma luz, e posteriormente pedir que Deus mostre uma luz, e que siga. É, siga, e por favor, me deixe em paz. Talvez, nada do que eu diga agora, não faça o mínimo sentido. Eu queria que não fizesse. Mas já que cheguei até aqui, eu vou continuar. Eu hoje, prefiro conferir em cada detalhe do meu quarto, em cada lágrima minha que cai muitas vezes, sem motivo, em cada grito que dou e que escuto. Em cada sonho, cada dor inesperada, cada falha de memória. Eu não quero transferir a culpa a ninguém. Mas tudo indica a isso. Tudo me leva a isso. E digo, concerteza, que se tocar em alguém que amo, mostro o monstro que guardo dentro de mim, que escondo atrás desse corpo aparentemente frígido, quebradiço, efêmero.
A sensação de estar atravessando uma ponte e não chegar no destino desejado nunca cessa. E sempre achei isso um tanto bom. Tantas decepções com as pessoas ao redor me deixou dura, com medo de certezas e fixações. Prefiro o temporário, o que muda, o que deixa eu me mover do lugar. Sinto saudades do que passou, confesso. E uma vez ou outra vendo as fotos, eu não consigo me segurar. Dá vontade de pegar no telefone e ligar pros amigos, para perguntar o óbvio, por que será que acabou, por que tão longe, por que não dá pra voltar… E questiono se realmente esqueci toda aquela última história que me carregou até minha última pequena grande decepção no amor. Isso acontece ás vezes nos domingos em que não me ocupo muito. A mente para e pensa. Mas voltando à ponte, no meio do caminho, uma pessoa chegou. E todo mundo sempre vem com aquela voz de cansada das minhas histórias, da minha vida. Mas é a verdade. E eu não nego que tive medo, que tenho medo, que fico feliz, que me esfria a barri...
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