Tem dias que eu tiro, involuntariamente para pensar na minha vida, de uma forma ruim. Sem estudar, sem nada para ler, sem poder escrever, sem você. Sem você por perto, sem você ter existido, sem você ter me beijado ou sem você ter voltado dizendo que tinha saudade. Contabilizo as discussões, mania de filha de contador, aquela coisa dizendo : 'vamos fazer o balanço, falta algo? Sobra algo?', como se amor, fosse algo a se medir. Eu sei que chega a ser podre. Mas depois que li um pouco as coisas que me mandou, e depois que li Clarice, percebi como somos. Ou pelo menos comecei a entender. Aquele ápice da felicidade, pedindo que alguém aqueça o ambiente e a ponta do sorvete derreta e desmorone no chão. Aquela mania que temos de lutar tanto pela felicidade e quando conseguimos chegar perto, uma carrega a outra, está logo ali, em cima do muro, pega! Pega! Mas aí a que está por baixo não aguenta e cai, dizendo que na verdade, nem queria tanto assim o que estava lá em cima, mesmo sabendo que era a felicidade. Me vem um desespero que só você conhece, se não as lágrimas, vem meu toque irônico mal feito, porque só você sabe ser assim. E ao contrário do que quero, não te faço ter medo de eu ir embora. Você acaba sendo um cubo de gelo que me faz parecer criança, e ao mesmo tempo, me faz ter que crescer. Menina idiota, que só sabe chorar. É, sou eu. Mas é que a menina das mãos geladas sou eu, e quem as aquece é você. Porque você tem as mãos quentes. Sinceramente eu não sei como e nasci sem você por perto. Quantas noites eu dormi com três edredons enquanto podia ter tido você aqui, sem precisar talvez de nada a não ser um lençol? E por que eu nasci e consegui viver até te conhecer, sendo que se te perco hoje, amanhã eu morro? É, eu sou extremista mesmo. Além de precipitada, desesperada... e apaixonada.
A sensação de estar atravessando uma ponte e não chegar no destino desejado nunca cessa. E sempre achei isso um tanto bom. Tantas decepções com as pessoas ao redor me deixou dura, com medo de certezas e fixações. Prefiro o temporário, o que muda, o que deixa eu me mover do lugar. Sinto saudades do que passou, confesso. E uma vez ou outra vendo as fotos, eu não consigo me segurar. Dá vontade de pegar no telefone e ligar pros amigos, para perguntar o óbvio, por que será que acabou, por que tão longe, por que não dá pra voltar… E questiono se realmente esqueci toda aquela última história que me carregou até minha última pequena grande decepção no amor. Isso acontece ás vezes nos domingos em que não me ocupo muito. A mente para e pensa. Mas voltando à ponte, no meio do caminho, uma pessoa chegou. E todo mundo sempre vem com aquela voz de cansada das minhas histórias, da minha vida. Mas é a verdade. E eu não nego que tive medo, que tenho medo, que fico feliz, que me esfria a barri...
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