Em tempos de muito a fazer, eu acabo não fazendo nada. Deixo de lado as coisas que antes fazia e que gosto ainda, pra resumir o tempo em duas ou três coisas. Não como mais as unhas, tento pintá-las semanalmente, mas o esmalte parece comestível. Não ouço mais tanta música, e ao invés de voltar a conhecer novas, me tranco no passado, ou tento tirar as manchas de nostalgia das imagens que me vem à cabeça quando escuto esse, ou aquele trecho, ouvindo sempre os mesmo álbuns. Não fico horas conversando com pessoas que na verdade nunca vi, e praticamente não vejo mais os amigos. Não tento ler nada em espanhol, não leio nada tão novo além de notícias macabras sobre o governo e sobre os assassinatos mais loucos. Aprendi a ter certas maldades com qualquer pessoa. Aprendi a desconfiar de mim mesma e das minhas próprias intenções. Aprendi a associar pessoas que podem ser perigosas a mim ou a quem amo, às que já me fizeram mal, ou me machucaram de alguma forma, pra reduzir o tempo de análise. Aprendi que meu cabelo vai sempre crescer e não tenho mais medo de usar lâminas ou facas se for o caso. Começo a engordar e concluo que é melhor assim mesmo. O contrário me deixaria estranha demais, apesar do meu sono ter aumentado noventa e cinco por cento com isso. Percebi que eu não sei realmente escrever tão bem, e me complico ao falar verbalmente sobre o que quero dizer em alguns textos. Aprendi a ceder quando a briga não vai ter fim e a questão é simplesmente falar menos. Aprendi a falar menos também. Os atos dizem quase por si só e falar talvez seja demais em alguns casos. Não sei de quase nada dos meus antigos ídolos, e vejo como o dinheiro muitas vezes me faz mal. Tanto a falta dele, quando o tenho ou quando posso ter muito mais. Não vejo nada mais como castigo. O tempo é tão curto que tudo que eu puder fazer, ou não fazer nada, vira vantagem. Dormir, estudar, trabalhar, comer, não comer, namorar ou ficar sozinha. Tudo tem parte boa e parece que entra em controle. Menos eu e meu organismo complicado de entender. Não é pra entender mesmo.
A sensação de estar atravessando uma ponte e não chegar no destino desejado nunca cessa. E sempre achei isso um tanto bom. Tantas decepções com as pessoas ao redor me deixou dura, com medo de certezas e fixações. Prefiro o temporário, o que muda, o que deixa eu me mover do lugar. Sinto saudades do que passou, confesso. E uma vez ou outra vendo as fotos, eu não consigo me segurar. Dá vontade de pegar no telefone e ligar pros amigos, para perguntar o óbvio, por que será que acabou, por que tão longe, por que não dá pra voltar… E questiono se realmente esqueci toda aquela última história que me carregou até minha última pequena grande decepção no amor. Isso acontece ás vezes nos domingos em que não me ocupo muito. A mente para e pensa. Mas voltando à ponte, no meio do caminho, uma pessoa chegou. E todo mundo sempre vem com aquela voz de cansada das minhas histórias, da minha vida. Mas é a verdade. E eu não nego que tive medo, que tenho medo, que fico feliz, que me esfria a barri...
Comentários
Adorei Sofys, acho que não sei me analisar dessa forma.
abraço.