Aqueles anos, naquela escola não foram tão intensos como foram meus últimos três. Mas não justifica o que fiz com aquelas amizades. Bem, amizades eu não posso dizer. Mas aquela amizade, aquela especificamente sim. Eu simplesmente a deixei. Eu acreditava que iria conquistar o mundo e percebi que ela nunca precisaria de mim e simplesmente fui. Dizem que todos mudaram muito o jeito de ser naquele último ano, o ano em que eu já estava longe, inclusive ela. Minha melhor amiga. Havia uma professora que amava deixar os trechos bíblicos de lado (a escola é católica e aulas de religião, obrigatórias) pra falar sobre a relação entre os alunos e, faltando umas semanas pra eu deixar tudo aquilo houve uma dinâmica, com uma bola que era entregue a alguém em especial. Quando ela chegou em mim, eu não soube dizer nada, só soube chorar e dizer que a bola iria pra minha melhor amiga. Ela nunca me conheceu de verdade. Mas ela me deixou ser a melhor amiga dela por um tempo e aquilo importava muito pra mim. Ela tinha uma casa legal, mas nem ligava muito. Havia uma piscina lá e eu nunca pedi pra entrar e me divertir com ela e com a família dela, ou mesmo com os outros da escola. Eu fugi de algumas festas que houveram por lá. Ela tinha segredos demais e na verdade, nunca me contou. Mas o primeiro pedaço do bolo foi meu, no dia 8 de julho, não me lembro o ano.Ela tocava trompete e eu, mesmo sendo ou parecendo ser a melhor amiga dela, nunca a vi tocar. Nas apresentações eu apenas conseguia vê-la no final. Ela chegou a ter um namorado, ou quase isso, e eu nunca o vi, nem conheci. Era só isso. Uma amizade. Mas foi. Acho que ainda é. Esse respeito mútuo que ainda existe. Ela deve saber que namoro uma garota hoje, mas nem deve saber o quanto estou feliz de eu, ter me encontrado. Ela não entendia meu jeito estranho e reservado de ser, e nem eu mesma entendia e por isso não podia explicar, mas se eu pudesse, explicaria agora. Ela ainda é sim, minha amiga, eu posso sentir. Eu queria mostrar a ela agora, como minha vida é, apresentar minha namorada e dizer quais são meus sonhos. Essas coisas que não fiz lá atrás. Eu, na verdade, não sabia como era ser amiga, ás vezes me pego pensando em como as coisas devem ser. Eu não aprendi quase nada ainda... Mas lembro bem de um texto de aquela professora de religião deu dizendo que amigos de verdade são como estrelas, porque podem passar anos distantes, mas ainda serão amigos.
A sensação de estar atravessando uma ponte e não chegar no destino desejado nunca cessa. E sempre achei isso um tanto bom. Tantas decepções com as pessoas ao redor me deixou dura, com medo de certezas e fixações. Prefiro o temporário, o que muda, o que deixa eu me mover do lugar. Sinto saudades do que passou, confesso. E uma vez ou outra vendo as fotos, eu não consigo me segurar. Dá vontade de pegar no telefone e ligar pros amigos, para perguntar o óbvio, por que será que acabou, por que tão longe, por que não dá pra voltar… E questiono se realmente esqueci toda aquela última história que me carregou até minha última pequena grande decepção no amor. Isso acontece ás vezes nos domingos em que não me ocupo muito. A mente para e pensa. Mas voltando à ponte, no meio do caminho, uma pessoa chegou. E todo mundo sempre vem com aquela voz de cansada das minhas histórias, da minha vida. Mas é a verdade. E eu não nego que tive medo, que tenho medo, que fico feliz, que me esfria a barri...
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