22:00 horas. É agora que minha tosse seca chega, me fazendo tremer toda, mesmo que não tenha dado sinal durante o dia inteiro. Tenho várias coisas a fazer, mas minha mão treme, parece até de raiva por não conseguir me concentrar. Minha mãe ligou hoje, pela primeira vez, desde que saí de casa. Não falou comigo, mas já é um avanço. Me sinto muito sozinha, longe de tudo que é meu. Na verdade, a única coisa que tenho é um cômodo com algumas coisas. Me sinto bem ali. Mas nem ele tenho comigo mais. Somente uma rotina a seguir agora. Concentração a adquirir. Tenho que tentar ter auto controle sobre mil coisas ao mesmo tempo. Por exemplo essa dor que não pára, essa tosse vadia e esses trabalhos a fazer. Também a hora em que acordo, talvez meu cabelo penteado pra sair ajude alguma coisa quando eu me olhar no espelho dos banheiros não? Tenho que voltar a focar em mim e não mais ficar recordando de um passado próximo sobre brigas e confusões. De nada adiantou chorar por tanto tempo, sofrer achando que seria recompensada por uma espécie de energia que me ajudaria, por sentir pena de mim. Não quero que sintam pena de mim. Passei da fase em que eu sentia pena de mim. Não quero e nem vou ser coitada. Mas também não serei mais a garota de ferro. Tudo bem, tudo bem, eu não tenho mais meu quarto para me esconder. Então, o que tenho agora é meu rosto sem máscara alguma. Essa sou eu, meio caótica, sob novas revisões sentimentais e uma força não tão grande, nem tão pequena. Eu vivo bem, eu sobrevivo ao menos. Ninguém precisa ter alegria o tempo inteiro, não é verdade? E felicidade vai e volta. A minha foi dar um passeio. Talvez esteja de férias por um tempo. Aí eu fico no "tanto faz". Tanto faz, se estou há duas semanas com essa tosse. É, na sexta faz duas semanas mesmo. Engraçado que acredito que me apeguei tanto que já não quero que ela vá embora. Ela dorme comigo e vai embora pela manhã, moderninha ela.
A sensação de estar atravessando uma ponte e não chegar no destino desejado nunca cessa. E sempre achei isso um tanto bom. Tantas decepções com as pessoas ao redor me deixou dura, com medo de certezas e fixações. Prefiro o temporário, o que muda, o que deixa eu me mover do lugar. Sinto saudades do que passou, confesso. E uma vez ou outra vendo as fotos, eu não consigo me segurar. Dá vontade de pegar no telefone e ligar pros amigos, para perguntar o óbvio, por que será que acabou, por que tão longe, por que não dá pra voltar… E questiono se realmente esqueci toda aquela última história que me carregou até minha última pequena grande decepção no amor. Isso acontece ás vezes nos domingos em que não me ocupo muito. A mente para e pensa. Mas voltando à ponte, no meio do caminho, uma pessoa chegou. E todo mundo sempre vem com aquela voz de cansada das minhas histórias, da minha vida. Mas é a verdade. E eu não nego que tive medo, que tenho medo, que fico feliz, que me esfria a barri...
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