Automática, mórbida, eu quero conseguir não precisar de nada artificial pra me divertir. Eu, que sempre detestei perder cem por cento do controle sobre tudo que é meu, peço um toque de mágica hoje. Qualquer feitiço que me faça acreditar que mágoas são coisas idiotas. Que existem pessoas mais idiotas ainda. Que existem pessoas maravilhosas e se eu não olhar pra elas, vou me perder sem saber. Que me faça crer que momentos ruins sempre vão passar. Mesmo que voltem, sempre se vão. Eu não ligo mais. Eu quero conseguir me entregar ao prazer de ser e sentir outra vez. E eu preciso de qualquer toque de mágica. Não posso mais, me condensar em medo e propostas enganosas feitas por mim e pra mim. Eu quero poder ceder. Dizer sim. Chorar outra vez. E pensar que talvez eu precise sempre de voltar e me cobrar isso, essa coisa de sim, eu vou. Sim, eu quero, agora. Mesmo que eu seja somente um ovo, prestes a cair e matar o que vive aqui dentro.
A sensação de estar atravessando uma ponte e não chegar no destino desejado nunca cessa. E sempre achei isso um tanto bom. Tantas decepções com as pessoas ao redor me deixou dura, com medo de certezas e fixações. Prefiro o temporário, o que muda, o que deixa eu me mover do lugar. Sinto saudades do que passou, confesso. E uma vez ou outra vendo as fotos, eu não consigo me segurar. Dá vontade de pegar no telefone e ligar pros amigos, para perguntar o óbvio, por que será que acabou, por que tão longe, por que não dá pra voltar… E questiono se realmente esqueci toda aquela última história que me carregou até minha última pequena grande decepção no amor. Isso acontece ás vezes nos domingos em que não me ocupo muito. A mente para e pensa. Mas voltando à ponte, no meio do caminho, uma pessoa chegou. E todo mundo sempre vem com aquela voz de cansada das minhas histórias, da minha vida. Mas é a verdade. E eu não nego que tive medo, que tenho medo, que fico feliz, que me esfria a barri...
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