Lascando unhas. Comendo as beiradas. É pele. Não, já estão mortas. Mas sinto dor. Não, coceira. É, nos dedos, nos cantos assim. Xi, uma sangrou. Sempre sangra, e eu sugo. Mas depois tiro o resto. Mas minha mão tá um horror né? É, isso não tá legal. E o apêndice que você não tem mais? Tá indo pra onde essas porcarias agora? Sei lá, que se foda. É, foda-se. Dá vontade, eu preciso tirar... Se eu deixar crescer fica lindo né... é, mas aí você volta a manchar o rosto. É, espinhas. É, merda. Mas parece que limpa. Limpa mesmo. Mas fica manchado, estranho. E vermelho demais. É, mas e aí? Melhora alguma coisa. É, sua mão fica bonitinha. E suja. É, é bom que cria o hábito de lavar. É, adoro lavar as mãos mesmo. Juro, é bom. Mas não adianta. O que? Se você continuar com essa mão no cabelo. Ah, acontece. Acontece que tanto seu rosto, quando seu cabelo ficam três vezes mais oleosos. Acontece também. É, e pode acontecer de assim, por acaso, surgir um buraco. Ah é... mas eu controlo, não arranco tantos fios assim. Eu tenho sim, controle sobre mim ok? Tem, você tem. Tenho mania de controlar tudo ao meu redor. Os prazeres, as dores. Comida. É, talvez. Mas olha, no último mês... É, no último mês você perdeu as estribeiras né? Com a comida sim. E com as unhas. Verdade. Olha, eu posso engordar, vai ser legal. Vai mesmo! Mas vai ficar careca e sem unha também? Não, relaxa. Tá tudo sob controle. É. Só sinto dores. Claro, olha essas unhas, sangrando. (...) E deve doer quando você machuca seu rosto também. Arram. E na cabeça também. Nem tanto. Onde então que sente dor? Ah, esquece...
A sensação de estar atravessando uma ponte e não chegar no destino desejado nunca cessa. E sempre achei isso um tanto bom. Tantas decepções com as pessoas ao redor me deixou dura, com medo de certezas e fixações. Prefiro o temporário, o que muda, o que deixa eu me mover do lugar. Sinto saudades do que passou, confesso. E uma vez ou outra vendo as fotos, eu não consigo me segurar. Dá vontade de pegar no telefone e ligar pros amigos, para perguntar o óbvio, por que será que acabou, por que tão longe, por que não dá pra voltar… E questiono se realmente esqueci toda aquela última história que me carregou até minha última pequena grande decepção no amor. Isso acontece ás vezes nos domingos em que não me ocupo muito. A mente para e pensa. Mas voltando à ponte, no meio do caminho, uma pessoa chegou. E todo mundo sempre vem com aquela voz de cansada das minhas histórias, da minha vida. Mas é a verdade. E eu não nego que tive medo, que tenho medo, que fico feliz, que me esfria a barri...
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