A gente mal sabe se abraçar. Nas horas de deixar as palavras mais puras, menos elaboradas saírem da boca, a língua enrola. A gente mal sabe dar nome a sentimentos. E temos uma longa história cheia de detalhes que incluem bonecas dormindo, acordando com medo, presentes chegando, castigos com olhares, cenas de brigas e medo, muito medo. Mas daí, eu cresci forte, aprendi a falar pouco mais firme, assim como ele, tenho a mesma cara quando cansada, a mesma frieza para mil coisinhas. Deixei o tempo levar um bocado de coisa ruim embora, fechei e abri meus olhos. Dói crescer e perceber que eles não são tão brilhantes. Tão corretos. Que pode dar tudo errado. Que no fundo, eu posso estar sozinha. É, e estou. Mas a única certeza que peço, (e não sei pra quem peço ao certo, mas ás vezes até suplico), é que eu tenha um chãozinho firme, uma mão desajeitada segurando meu ombro, e essa cara que me olha e mesmo dizendo que minha voz é mole demais, sabe lá no fundo do que realmente eu sou capaz. Eu nunca te vi como um grande amigo, mesmo. Mas seus jeito ciumento diz que você gosta de mim. E o espelho, meio côncavo e outros dias convexo que eu tenho, deixam hoje as melhores marcas. Se tem uma voz no telefone que me anima e me deixa em casa, é a sua. E eu quero ser um dia uma mãe, do jeito que você é meu pai.
A sensação de estar atravessando uma ponte e não chegar no destino desejado nunca cessa. E sempre achei isso um tanto bom. Tantas decepções com as pessoas ao redor me deixou dura, com medo de certezas e fixações. Prefiro o temporário, o que muda, o que deixa eu me mover do lugar. Sinto saudades do que passou, confesso. E uma vez ou outra vendo as fotos, eu não consigo me segurar. Dá vontade de pegar no telefone e ligar pros amigos, para perguntar o óbvio, por que será que acabou, por que tão longe, por que não dá pra voltar… E questiono se realmente esqueci toda aquela última história que me carregou até minha última pequena grande decepção no amor. Isso acontece ás vezes nos domingos em que não me ocupo muito. A mente para e pensa. Mas voltando à ponte, no meio do caminho, uma pessoa chegou. E todo mundo sempre vem com aquela voz de cansada das minhas histórias, da minha vida. Mas é a verdade. E eu não nego que tive medo, que tenho medo, que fico feliz, que me esfria a barri...
Comentários