O lábio superior tem mais volume. O sorriso, mesmo de boca fechada, é largo, mas sereno. Olha por cima dos óculos, pensando numa frase pra zombar de mim. E na minha visão periférica, posso pegar me olhando de cima a baixo. Critica tudo, todos, mas principalmente tudo em mim. Só posso sorrir e me reafirmar, é claro. Minhas roupas, e falas, e manias, e meu corpo, minha mente, meu romantismo, meu medo de cachorros, meu medo de sentir medo do amor, meus pulos de nervosismo, meu piercing. Mas então, eu não falo, mas odeio suas críticas do nada, suas intromissões na minha roupa, cabelo ou bolsa, ou maquiagem, sua mão boba, sua mania de dizer que eu não cozinho nada (mesmo que seja verdade), sua mania de querer que eu implore por sua presença e permanência aqui, suas histórias fictícias pra eu sentir ciúmes, sua mania de insistir em alguns assuntos pra me deixar com mais ciúmes (porque eu não demonstro, nem que eu sangre o olhar). Você odeia? Então eu odeio também.
A sensação de estar atravessando uma ponte e não chegar no destino desejado nunca cessa. E sempre achei isso um tanto bom. Tantas decepções com as pessoas ao redor me deixou dura, com medo de certezas e fixações. Prefiro o temporário, o que muda, o que deixa eu me mover do lugar. Sinto saudades do que passou, confesso. E uma vez ou outra vendo as fotos, eu não consigo me segurar. Dá vontade de pegar no telefone e ligar pros amigos, para perguntar o óbvio, por que será que acabou, por que tão longe, por que não dá pra voltar… E questiono se realmente esqueci toda aquela última história que me carregou até minha última pequena grande decepção no amor. Isso acontece ás vezes nos domingos em que não me ocupo muito. A mente para e pensa. Mas voltando à ponte, no meio do caminho, uma pessoa chegou. E todo mundo sempre vem com aquela voz de cansada das minhas histórias, da minha vida. Mas é a verdade. E eu não nego que tive medo, que tenho medo, que fico feliz, que me esfria a barri...
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