Não tem lugar mais vazio e mais cheio de gente como meu quarto. Se abre a porta, e me vê num canto, sentada na cama, escrevendo, não se engane. Existem várias pessoas aqui. Escondidas no guarda roupas, entre fotos, nos brincos, nos colares pendurados. Nos meus perfumes tão extremos. Meus amigos estão nos desenhos, pendurados em papéis, rabiscados na parede. Minha família estampada nos livros e em todas as minhas espinhas. Tem gente por aqui que mal conheço. Mas entrou, e ficou. E algumas eu não queria nem lembrar então joguei pro lugar mais extremo, no fundo de todas as roupas e papéis, no fundo dessa bagunça que a gente sempre tem no quarto. E eu acho que é por isso, que não me sinto tão só. Na teoria, meu mundo está sempre cheio.
A sensação de estar atravessando uma ponte e não chegar no destino desejado nunca cessa. E sempre achei isso um tanto bom. Tantas decepções com as pessoas ao redor me deixou dura, com medo de certezas e fixações. Prefiro o temporário, o que muda, o que deixa eu me mover do lugar. Sinto saudades do que passou, confesso. E uma vez ou outra vendo as fotos, eu não consigo me segurar. Dá vontade de pegar no telefone e ligar pros amigos, para perguntar o óbvio, por que será que acabou, por que tão longe, por que não dá pra voltar… E questiono se realmente esqueci toda aquela última história que me carregou até minha última pequena grande decepção no amor. Isso acontece ás vezes nos domingos em que não me ocupo muito. A mente para e pensa. Mas voltando à ponte, no meio do caminho, uma pessoa chegou. E todo mundo sempre vem com aquela voz de cansada das minhas histórias, da minha vida. Mas é a verdade. E eu não nego que tive medo, que tenho medo, que fico feliz, que me esfria a barri...
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