Quando morrer, posso virar puta. Escrota, demoníaca, estúpida e até assombração. Mas por favor, não me façam virar santa. Nunca fui, nunca serei. Mania de ser metódica e o destino que sempre me faz parecer uma garota caxias, sempre tão correta, me corrompeu a vontade de um dia me doar por aí. Me acostumei a sorrir com o amor, quando tanto acreditei nele. Me acostumei a chorar a cada perda. Aprendi a falar palavrão com meus irmãos, todos homens e sempre sedentos pelo proibido. Pulei o muro da escola por prazer e fiquei de castigo. Batia em qualquer um na escola se falassem da minha mãe, se dissessem que eu estava namorando algum garoto. Ambicionei o sexo desde nova, com um toque de inocência ao perguntar sobre os bebês, mas sempre querendo chegar no ponto certo: como deveria ser me entregar. Tudo certo? É melhor deixar essa minha imagem por aqui. Mesmo que não dure muito tempo. Me sinto culpada, estranha. O corpo pede uma coisa, o coração diz outra. Eu durmo, acordo e quando me pego com dores no corpo, me condeno: castigo, castigo... Quem mandou essa menina ser assim?
A sensação de estar atravessando uma ponte e não chegar no destino desejado nunca cessa. E sempre achei isso um tanto bom. Tantas decepções com as pessoas ao redor me deixou dura, com medo de certezas e fixações. Prefiro o temporário, o que muda, o que deixa eu me mover do lugar. Sinto saudades do que passou, confesso. E uma vez ou outra vendo as fotos, eu não consigo me segurar. Dá vontade de pegar no telefone e ligar pros amigos, para perguntar o óbvio, por que será que acabou, por que tão longe, por que não dá pra voltar… E questiono se realmente esqueci toda aquela última história que me carregou até minha última pequena grande decepção no amor. Isso acontece ás vezes nos domingos em que não me ocupo muito. A mente para e pensa. Mas voltando à ponte, no meio do caminho, uma pessoa chegou. E todo mundo sempre vem com aquela voz de cansada das minhas histórias, da minha vida. Mas é a verdade. E eu não nego que tive medo, que tenho medo, que fico feliz, que me esfria a barri...
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