Vejo pela janela do quarto que... é, não tem muito jeito. Estou esquecendo que envelheço também. Que essas cortinas me viram crescer. Principalmente eu, que sempre vivi dentro do quarto. Ninguém mais me conhece tão bem, como as cortinas, o espelho sujo com adesivos velhos, as mesmas fronhas coloridas (hoje com as cores bem mais opacas). Opaca eu que estou. Desculpem-me. Eu continuo voando... mas entre pousos e pousos chega a me dar uma ponta de vontade de parar de vez. Olha, as cortinas nem cor de creme são... já não fazem sentido aqui. Nem as cortinas, nem meus desenhos espalhados pela parede. Apenas os valores que conquistei na época em que ficava trancafiada no quarto. Elas sim fazem sentido. Mas eram exatamente elas, que me mantinham tão feliz, mesmo sendo sozinha. Envelheço dentro do quarto, mas minha mente, ah, essa vai longe. Ela é o pajarito.
A sensação de estar atravessando uma ponte e não chegar no destino desejado nunca cessa. E sempre achei isso um tanto bom. Tantas decepções com as pessoas ao redor me deixou dura, com medo de certezas e fixações. Prefiro o temporário, o que muda, o que deixa eu me mover do lugar. Sinto saudades do que passou, confesso. E uma vez ou outra vendo as fotos, eu não consigo me segurar. Dá vontade de pegar no telefone e ligar pros amigos, para perguntar o óbvio, por que será que acabou, por que tão longe, por que não dá pra voltar… E questiono se realmente esqueci toda aquela última história que me carregou até minha última pequena grande decepção no amor. Isso acontece ás vezes nos domingos em que não me ocupo muito. A mente para e pensa. Mas voltando à ponte, no meio do caminho, uma pessoa chegou. E todo mundo sempre vem com aquela voz de cansada das minhas histórias, da minha vida. Mas é a verdade. E eu não nego que tive medo, que tenho medo, que fico feliz, que me esfria a barri...
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