Sigo treinando meus poucos vocábulos em espanhol pelas ruas. Nem liguei pro frio, quando vi que na rua que passo todos os dias um ipê já floresceu. Ontem mesmo, durante o banho, tremendo e com unhas roxas (como sempre) pedi que o verão viesse logo. Eu era a única naquele lugar, de jaqueta. Quase sempre uso as escadas, pelo menos três vezes ao dia encontro com os degraus. Sigo esquecendo de levar a sacola ao mercado, à padaria. Volto com tudo nas mãos. Carteira, chaves, papéis, margarina, coca cola pequena e um punhadinho de solidão. Eu voltei. Mas descobri que tudo acaba sendo bem melhor assim. Cheio de punhadinhos, esperando o sol vir com mais força.
A sensação de estar atravessando uma ponte e não chegar no destino desejado nunca cessa. E sempre achei isso um tanto bom. Tantas decepções com as pessoas ao redor me deixou dura, com medo de certezas e fixações. Prefiro o temporário, o que muda, o que deixa eu me mover do lugar. Sinto saudades do que passou, confesso. E uma vez ou outra vendo as fotos, eu não consigo me segurar. Dá vontade de pegar no telefone e ligar pros amigos, para perguntar o óbvio, por que será que acabou, por que tão longe, por que não dá pra voltar… E questiono se realmente esqueci toda aquela última história que me carregou até minha última pequena grande decepção no amor. Isso acontece ás vezes nos domingos em que não me ocupo muito. A mente para e pensa. Mas voltando à ponte, no meio do caminho, uma pessoa chegou. E todo mundo sempre vem com aquela voz de cansada das minhas histórias, da minha vida. Mas é a verdade. E eu não nego que tive medo, que tenho medo, que fico feliz, que me esfria a barri...
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