Utópica moda de ser livre, por um cigarro entre os dedos e copo meio cheio de bebida forte. Quanto mais forte, menos gelo. Quanto mais foda, mais erva. Quem conhece pó é o melhor. Em casa iogurte fino, videogame, edredon colorido, canais fechados, marca na blusa, tênis importado, inglês fluente, shampoo profissional, guitarra por hobbie, pele sensível, doença nas unhas, cirurgia plástica, viagens internacionais. Mas é radical escrever 4:20 no muro da vizinha pobre, que tem um filho da sua idade procurando emprego mas não consegue porque deixou a escola de lado e tem a cara preta marcada pelo preconceito. É radical hackear, trair, usar, cheirar, injetar, consumir, espancar, mentir, debochar, fingir e humilhar. E ainda cospe à meia boca que vive uma ideologia pura, baseada no natural e na igualdade, nas lições do passado onde gritavam paz, amor, sexo e rock and roll. Tsc tsc.
A sensação de estar atravessando uma ponte e não chegar no destino desejado nunca cessa. E sempre achei isso um tanto bom. Tantas decepções com as pessoas ao redor me deixou dura, com medo de certezas e fixações. Prefiro o temporário, o que muda, o que deixa eu me mover do lugar. Sinto saudades do que passou, confesso. E uma vez ou outra vendo as fotos, eu não consigo me segurar. Dá vontade de pegar no telefone e ligar pros amigos, para perguntar o óbvio, por que será que acabou, por que tão longe, por que não dá pra voltar… E questiono se realmente esqueci toda aquela última história que me carregou até minha última pequena grande decepção no amor. Isso acontece ás vezes nos domingos em que não me ocupo muito. A mente para e pensa. Mas voltando à ponte, no meio do caminho, uma pessoa chegou. E todo mundo sempre vem com aquela voz de cansada das minhas histórias, da minha vida. Mas é a verdade. E eu não nego que tive medo, que tenho medo, que fico feliz, que me esfria a barri...
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