Desenho da forma mais crua possível, se é que isso é desenhar. Tudo sempre redondinho e fofo que fico com medo de não crescer mais. Sempre com o pé, aliás os dois pés nesse mundo que custa a me deixar bem... porque confortável não é necessariamente bem. Até outro dia eu tinha medo de usar vermelho na boca, coisa de mulherzinha que não sou. Não sou mulherzinha, nunca me encaixei no mundo mulherzinha e sinto uma falta danada de entender isso. Tanta vontade dos que disseram que ficaria bom e eu usei vermelho na boca, na orelha, nos pés e com medo de parecer algo que não sou, como fresca (procuro adjetivos, mas não os encontro e escrever é urgente agora), saio de casa com um "foda-se" escrito na testa, desperdiçando bons momentos ao ver crianças dentro de ônibus e não sorrir. Porque ás vezes acho que só elas me entendem. Têm toda a pretensão do mundo naqueles olhos, mas infelizmente não o fazem pelo tamanho nada avantajado. E eu era bem melhor, quando era criança, era mesmo. Eu falava, bem mais do que escrevo hoje, e escrevia bem mais do que como hoje... não usava vermelho mas também não tinha um pingo de medo dos adultos nos ônibus. E o que me faz mulher é ter que levantar todos os dias com minha vida quase toda sendo feita por mim, quase. É distante de mim, entender e aceitar que vermelho não faz ninguém mais velho ou mais novo, que pegar ônibus e sorrir pra qualquer criança não me deixa mais imatura. Falta um encaixe, entre o céu e o inferno, essa passagem que é crescer.
A sensação de estar atravessando uma ponte e não chegar no destino desejado nunca cessa. E sempre achei isso um tanto bom. Tantas decepções com as pessoas ao redor me deixou dura, com medo de certezas e fixações. Prefiro o temporário, o que muda, o que deixa eu me mover do lugar. Sinto saudades do que passou, confesso. E uma vez ou outra vendo as fotos, eu não consigo me segurar. Dá vontade de pegar no telefone e ligar pros amigos, para perguntar o óbvio, por que será que acabou, por que tão longe, por que não dá pra voltar… E questiono se realmente esqueci toda aquela última história que me carregou até minha última pequena grande decepção no amor. Isso acontece ás vezes nos domingos em que não me ocupo muito. A mente para e pensa. Mas voltando à ponte, no meio do caminho, uma pessoa chegou. E todo mundo sempre vem com aquela voz de cansada das minhas histórias, da minha vida. Mas é a verdade. E eu não nego que tive medo, que tenho medo, que fico feliz, que me esfria a barri...
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