Por um passado que me faz perceber que tudo melhora, busquei abrir a janela, mesmo que chovesse dentro de casa, lembrando das coisas que durante tanto tempo fingi que não vivi. E questiono o porquê de sentir tanta falta de ser criança, se hoje o que me arrebata é ter a verdade nas mãos e conseguir entender mais da metade do que eu perguntava, olhando pra cima a cara de bravo de pai e de mãe. Segurava no bolso de trás, que era muitas vezes o que me restava e tentava andar no mesmo ritmo que ela, chegava a fechar os olhos pra conseguir correr mais rápido. Podia ver a novela que eu quisesse se fizesse companhia, esperando pai chegar de madrugada, via sexo, morte e ás vezes esses tapas técnicos de novela. Mas tive que encontrar uma revista velha pra perguntar um tanto atrasada, por que é que a gente sangra todo mês. Podia beijar os meninos, se quisesse esconder e escolher. Mas não queria. Não queria meninos, não queria scarpin, não queria que o Elias fosse embora, não queria dormir sozinha, não queria morar mais naquela cidade, não queria carnaval. E eu sempre soube do que não gostava, era mais madura, talvez, do que hoje. Não era a infância, era eu. Me quero de volta. Nem que seja um tantinho.
A sensação de estar atravessando uma ponte e não chegar no destino desejado nunca cessa. E sempre achei isso um tanto bom. Tantas decepções com as pessoas ao redor me deixou dura, com medo de certezas e fixações. Prefiro o temporário, o que muda, o que deixa eu me mover do lugar. Sinto saudades do que passou, confesso. E uma vez ou outra vendo as fotos, eu não consigo me segurar. Dá vontade de pegar no telefone e ligar pros amigos, para perguntar o óbvio, por que será que acabou, por que tão longe, por que não dá pra voltar… E questiono se realmente esqueci toda aquela última história que me carregou até minha última pequena grande decepção no amor. Isso acontece ás vezes nos domingos em que não me ocupo muito. A mente para e pensa. Mas voltando à ponte, no meio do caminho, uma pessoa chegou. E todo mundo sempre vem com aquela voz de cansada das minhas histórias, da minha vida. Mas é a verdade. E eu não nego que tive medo, que tenho medo, que fico feliz, que me esfria a barri...
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