Das filosofias de ônibus que adquiro, acredito que a que mais uso é a que escutei um dia totalmente desatenta (como quase sempre) quando uma senhora conversava ao telefone e contava da depressão de outra fulana. Depois de descrever o estado deplorável que ela chegou a se encontrar, algumas consultas com um terapeuta e a solução da moça seria, segundo receita médica, mudar de vida. Com uma frase simplória que soava realmente vitoriosa, e, não por ironia mas aquilo realmente sempre deveria ser constatado como remédio pra quase tudo que parece perdido na vida não é? Quando me saiu um tom de voz um tanto bizarro, como quem queria rir, mas não podia. A senhora explica que para isso, a moça antes deprimida cortou o cabelo tipo channel, pintou de preto e fez logo duas tatuagens. Que era pra mudar tudo de vez.
A sensação de estar atravessando uma ponte e não chegar no destino desejado nunca cessa. E sempre achei isso um tanto bom. Tantas decepções com as pessoas ao redor me deixou dura, com medo de certezas e fixações. Prefiro o temporário, o que muda, o que deixa eu me mover do lugar. Sinto saudades do que passou, confesso. E uma vez ou outra vendo as fotos, eu não consigo me segurar. Dá vontade de pegar no telefone e ligar pros amigos, para perguntar o óbvio, por que será que acabou, por que tão longe, por que não dá pra voltar… E questiono se realmente esqueci toda aquela última história que me carregou até minha última pequena grande decepção no amor. Isso acontece ás vezes nos domingos em que não me ocupo muito. A mente para e pensa. Mas voltando à ponte, no meio do caminho, uma pessoa chegou. E todo mundo sempre vem com aquela voz de cansada das minhas histórias, da minha vida. Mas é a verdade. E eu não nego que tive medo, que tenho medo, que fico feliz, que me esfria a barri...
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