Debruço na janela, mas essa rede me espanta. Não faz nada, não corta, não repele, não machuca, mas espanta. Ás vezes eu só queria mesmo peitar melhor o que tem lá fora. Faço tudo tão correto, desço pelas escadas, encaro a porta e faço de tudo pra não bater forte. Ando sem incomodar e me sinto quase sempre incomodando. Minha regra é não dar trabalho. Ser só e suficiente. Mas vê, que nem a janela ás vezes, pode ser amiga. Nem os amigos sempre podem ser amigos. Eu conto com pontos de exceção. E faço deles a regra. Porque na verdade nunca tiram essa rede da minha janela. Na verdade as pessoas andam com pressa, fazem tudo bem correto, descem as escadas e não batem a porta porque há um bilhete dizendo que existem outros quinze apartamentos ali. Na verdade o normal é se sentir atrasado, centrado e dentro dos prédios, sentindo saudades de um outro mundo. Aquele, atrás da rede da janela.
A sensação de estar atravessando uma ponte e não chegar no destino desejado nunca cessa. E sempre achei isso um tanto bom. Tantas decepções com as pessoas ao redor me deixou dura, com medo de certezas e fixações. Prefiro o temporário, o que muda, o que deixa eu me mover do lugar. Sinto saudades do que passou, confesso. E uma vez ou outra vendo as fotos, eu não consigo me segurar. Dá vontade de pegar no telefone e ligar pros amigos, para perguntar o óbvio, por que será que acabou, por que tão longe, por que não dá pra voltar… E questiono se realmente esqueci toda aquela última história que me carregou até minha última pequena grande decepção no amor. Isso acontece ás vezes nos domingos em que não me ocupo muito. A mente para e pensa. Mas voltando à ponte, no meio do caminho, uma pessoa chegou. E todo mundo sempre vem com aquela voz de cansada das minhas histórias, da minha vida. Mas é a verdade. E eu não nego que tive medo, que tenho medo, que fico feliz, que me esfria a barri...
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