Não entendo o sentido, de qualquer forma, mas depois que chego à multidão me sinto melhor. É quando quase me perco de vista, nesse lugar onde tudo é muito e sou só mais uma. Me sinto melhor em ser só mais uma, e saber disso de forma nítida, em calma e sentindo paz. Mais uma que erra, mais uma que pode se dar mal. Talvez seja por isso. Ameniza a dor quando tudo pode dar errado. Afinal, dar errado é normal pra todo mundo. Os cinquenta por cento de chance sempre pairam sobre minha cabeça, mas vai saber se é a metade boa ou a metade ruim. E no meio de tanta gente, mercado, ruas, comidas, bebidas, papéis e buzinas, vai saber quem é que vai me encontrar. Ás vezes é melhor se perder por aí. Onde as chances e proporções aumentam. Fica tudo gigantesco. Eu, minúscula, procurando simplesmente andar, esconder meus fracassos e me sentir comum. Por não ser tão forte e não saber lidar com tudo. Por querer as coisas mais simples e até agora, lograr muito pouco.
A sensação de estar atravessando uma ponte e não chegar no destino desejado nunca cessa. E sempre achei isso um tanto bom. Tantas decepções com as pessoas ao redor me deixou dura, com medo de certezas e fixações. Prefiro o temporário, o que muda, o que deixa eu me mover do lugar. Sinto saudades do que passou, confesso. E uma vez ou outra vendo as fotos, eu não consigo me segurar. Dá vontade de pegar no telefone e ligar pros amigos, para perguntar o óbvio, por que será que acabou, por que tão longe, por que não dá pra voltar… E questiono se realmente esqueci toda aquela última história que me carregou até minha última pequena grande decepção no amor. Isso acontece ás vezes nos domingos em que não me ocupo muito. A mente para e pensa. Mas voltando à ponte, no meio do caminho, uma pessoa chegou. E todo mundo sempre vem com aquela voz de cansada das minhas histórias, da minha vida. Mas é a verdade. E eu não nego que tive medo, que tenho medo, que fico feliz, que me esfria a barri...
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