Consegui um travesseiro maior. Mais fofo. Uma delícia. E eu, que nem ligava de dormir sem um. Nem ligava de dormir sozinha, de acordar suando por botar duas cobertas no verão. Um frio que não saía de mim. Mas aí, a Ana veio, esqueceu a escova de dentes e sempre que podia, esquecia de novo. No primeiro dia eu achei graça, olhando do espelho, uma escova a mais na casa, na segunda vez eu me assustei, mas resolvi deixar lá mesmo. Mas aí, quando ela ia embora eu sentia falta do travesseiro. Que eu não ligava de não ter, mas que seria ótimo se por acaso eu tivesse. E ando trazendo mais edredons. Porque eu tenho que dar um jeito até junho chegar. E vou me virando até ela voltar.
A sensação de estar atravessando uma ponte e não chegar no destino desejado nunca cessa. E sempre achei isso um tanto bom. Tantas decepções com as pessoas ao redor me deixou dura, com medo de certezas e fixações. Prefiro o temporário, o que muda, o que deixa eu me mover do lugar. Sinto saudades do que passou, confesso. E uma vez ou outra vendo as fotos, eu não consigo me segurar. Dá vontade de pegar no telefone e ligar pros amigos, para perguntar o óbvio, por que será que acabou, por que tão longe, por que não dá pra voltar… E questiono se realmente esqueci toda aquela última história que me carregou até minha última pequena grande decepção no amor. Isso acontece ás vezes nos domingos em que não me ocupo muito. A mente para e pensa. Mas voltando à ponte, no meio do caminho, uma pessoa chegou. E todo mundo sempre vem com aquela voz de cansada das minhas histórias, da minha vida. Mas é a verdade. E eu não nego que tive medo, que tenho medo, que fico feliz, que me esfria a barri...
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