Como se não bastasse os vários seres que crio aqui dentro, a fim de não me sentir sozinha, não consigo dormir sem conversar um pouco. Ensaio conversas do dia seguinte, me declaro antes com medo de errar, peço perdão tentando me explicar, faço planos pra amanhã de noite, pro fim de semana, pra casa que vou comprar, a cor do quarto da menina, ou do menino (e acabo ficando no amarelo mesmo, amarelo pastel vai muito bem pros dois!). Falo das coisas que nunca disse a minha mãe, ás vezes choro um pouco, e volto para a parte em que meu futuro vai muito bem. Sempre com esse ar de quem quer mais, mas lá no fundo são só planos. Não que sejam poucos, ou que sejam só. É que pensar assim, encurta o caminho que na verdade é cheio de curvas, e obstáculos. Vou passar por eles, é claro. Mas saber o que me espera, e me espera porque eu quero, é uma das melhores coisas que descobri antes de pegar no sono.
A sensação de estar atravessando uma ponte e não chegar no destino desejado nunca cessa. E sempre achei isso um tanto bom. Tantas decepções com as pessoas ao redor me deixou dura, com medo de certezas e fixações. Prefiro o temporário, o que muda, o que deixa eu me mover do lugar. Sinto saudades do que passou, confesso. E uma vez ou outra vendo as fotos, eu não consigo me segurar. Dá vontade de pegar no telefone e ligar pros amigos, para perguntar o óbvio, por que será que acabou, por que tão longe, por que não dá pra voltar… E questiono se realmente esqueci toda aquela última história que me carregou até minha última pequena grande decepção no amor. Isso acontece ás vezes nos domingos em que não me ocupo muito. A mente para e pensa. Mas voltando à ponte, no meio do caminho, uma pessoa chegou. E todo mundo sempre vem com aquela voz de cansada das minhas histórias, da minha vida. Mas é a verdade. E eu não nego que tive medo, que tenho medo, que fico feliz, que me esfria a barri...
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