Como na época que não sabia medir sozinha o espaço para passar da porta, hoje não sei medir o espaço do tempo que tenho. Que terei. E terei muito, eu sei. E assim como eu me machucava sozinha aos treze anos, esbarrando nas pernas da cama, perdendo as canelas, os ombros nas portas o rosto no armário, meu medo é esse. Me embolar nas minhas próprias pernas hoje, cair sem saber levantar, deixar o tempo passar desfilando na minha frente tudo que perdi. Ou deixo ele ir, eu o prendo na mente, calculando quantas horas exatamente terei para entreter o coração aos fins de semana ou quantos dias espero para as unhas crescerem outra vez. A ansiedade as cortou pelo pé.
A sensação de estar atravessando uma ponte e não chegar no destino desejado nunca cessa. E sempre achei isso um tanto bom. Tantas decepções com as pessoas ao redor me deixou dura, com medo de certezas e fixações. Prefiro o temporário, o que muda, o que deixa eu me mover do lugar. Sinto saudades do que passou, confesso. E uma vez ou outra vendo as fotos, eu não consigo me segurar. Dá vontade de pegar no telefone e ligar pros amigos, para perguntar o óbvio, por que será que acabou, por que tão longe, por que não dá pra voltar… E questiono se realmente esqueci toda aquela última história que me carregou até minha última pequena grande decepção no amor. Isso acontece ás vezes nos domingos em que não me ocupo muito. A mente para e pensa. Mas voltando à ponte, no meio do caminho, uma pessoa chegou. E todo mundo sempre vem com aquela voz de cansada das minhas histórias, da minha vida. Mas é a verdade. E eu não nego que tive medo, que tenho medo, que fico feliz, que me esfria a barri...
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