Não saio por medo da volta. Não creio por medo da solidão. Não enxergo por medo da cegueira. Não sorrio por medo do devaneio. E depois de tanto treinar a para a vida regrada, cresci nesse perímetro que protege. Cercada de arbustos e espinhos. Dentro de um castelo friamente confortável. Ás vezes enjoa, mas é melhor. Se um dia não houver ninguém, não haverá dor. Se um dia faltar água, que seja lá fora. Se em algum momento há descontrole, que se vão as partes que interferem. Qualquer coisa eu grito. Mas não me deixem sair daqui. Refém do próprio silêncio. Não o que deixo de falar, mas o que resta quando alguém responde. Da própria solidão, que finjo ter, esperando o dia que ela realmente chegue. Do próprio esquecimento, que sempre acontece entre ser o que querem, o que quero e o que sou de fato.
A sensação de estar atravessando uma ponte e não chegar no destino desejado nunca cessa. E sempre achei isso um tanto bom. Tantas decepções com as pessoas ao redor me deixou dura, com medo de certezas e fixações. Prefiro o temporário, o que muda, o que deixa eu me mover do lugar. Sinto saudades do que passou, confesso. E uma vez ou outra vendo as fotos, eu não consigo me segurar. Dá vontade de pegar no telefone e ligar pros amigos, para perguntar o óbvio, por que será que acabou, por que tão longe, por que não dá pra voltar… E questiono se realmente esqueci toda aquela última história que me carregou até minha última pequena grande decepção no amor. Isso acontece ás vezes nos domingos em que não me ocupo muito. A mente para e pensa. Mas voltando à ponte, no meio do caminho, uma pessoa chegou. E todo mundo sempre vem com aquela voz de cansada das minhas histórias, da minha vida. Mas é a verdade. E eu não nego que tive medo, que tenho medo, que fico feliz, que me esfria a barri...
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