Como quiser senhor tempo, eu serei forte o suficiente. Mesmo que tente ser meu amigo, e me mostre os quadros graves em que posso ficar. Mesmo que salve a minha vida, me deixe sorrir abobalhada durante as manhãs, mesmo que depois me mostre que poderia ser apenas um ato de ilusão. Mas não é não. É a vida, passando. É o senhor me ensinando. Dando seus tapinhas nada sociáveis nas minhas costas em dias de cólera. É esse rosto de espanto a cada sexta feira, quando digo que nem dei bola pra você. É minha gargalhada ressoando mais alto e você, sem ter mais o que fazer me abraça e diz que também sente medo mas que vai ajudar a ficar tudo bem. E sua mania de me fazer escrever um dia inteiro e lembrar que está aí, em apenas um dia tão colado a mim que me faz mal. Quando acho que não posso me preocupar com você. Não devo olhar pro seu rosto, ás vezes ele me parece frio demais. Porque na verdade, é real. E eu sei, que nossa relação vai muito além dos calendários nas paredes, alarmes com músicas que me enjoam pela manhã, o sono me fazendo dormir na sala de aula. É sobre o meu cabelo, o meu gosto pelo vermelho e não mais pelo rosa, as rugas, o peito apertado por nostálgicas datas e sobre meus planos pro futuro. Quando penso em crianças, uma casa com cheiro de comida-na-mesa-pra -agora e a vontade de chegar o fim de semana não mais pra dormir, mas pra acordar e lembrar com os mais novos da vida que tive, que tenho e que ainda terei.
A sensação de estar atravessando uma ponte e não chegar no destino desejado nunca cessa. E sempre achei isso um tanto bom. Tantas decepções com as pessoas ao redor me deixou dura, com medo de certezas e fixações. Prefiro o temporário, o que muda, o que deixa eu me mover do lugar. Sinto saudades do que passou, confesso. E uma vez ou outra vendo as fotos, eu não consigo me segurar. Dá vontade de pegar no telefone e ligar pros amigos, para perguntar o óbvio, por que será que acabou, por que tão longe, por que não dá pra voltar… E questiono se realmente esqueci toda aquela última história que me carregou até minha última pequena grande decepção no amor. Isso acontece ás vezes nos domingos em que não me ocupo muito. A mente para e pensa. Mas voltando à ponte, no meio do caminho, uma pessoa chegou. E todo mundo sempre vem com aquela voz de cansada das minhas histórias, da minha vida. Mas é a verdade. E eu não nego que tive medo, que tenho medo, que fico feliz, que me esfria a barri...
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