Era isso. Aqui o céu anda embaçado, cheio de nuvem soprando no meu rosto, perco o fôlego. Lá, eu deixava a noite me invadir, desde os treze anos eu preferia dormir de lençol, eu preferia o calor, aquele sono que nunca vem e que me deixava ver a lua pela janela. Daí eu parei de reclamar que a janela do meu quarto não dava pra rua e pro jardim, e sim pro quintal. Era disso que eu falava. Quando eu ia dormir com ela e depois dos beijos, do calor, de perder o fôlego, de senti-la inteira, não tinha nada melhor. Era a janela aberta, com a vista pro quintal. E a lua, como sempre engolindo a janela, meu corpo, meu gozo e o calor aos poucos indo embora. Era o tempo de ficar ali olhando até o sono levar a gente embora.
A sensação de estar atravessando uma ponte e não chegar no destino desejado nunca cessa. E sempre achei isso um tanto bom. Tantas decepções com as pessoas ao redor me deixou dura, com medo de certezas e fixações. Prefiro o temporário, o que muda, o que deixa eu me mover do lugar. Sinto saudades do que passou, confesso. E uma vez ou outra vendo as fotos, eu não consigo me segurar. Dá vontade de pegar no telefone e ligar pros amigos, para perguntar o óbvio, por que será que acabou, por que tão longe, por que não dá pra voltar… E questiono se realmente esqueci toda aquela última história que me carregou até minha última pequena grande decepção no amor. Isso acontece ás vezes nos domingos em que não me ocupo muito. A mente para e pensa. Mas voltando à ponte, no meio do caminho, uma pessoa chegou. E todo mundo sempre vem com aquela voz de cansada das minhas histórias, da minha vida. Mas é a verdade. E eu não nego que tive medo, que tenho medo, que fico feliz, que me esfria a barri...
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