Decidi que não bebo mais. Não aqui. Já fui tão forte nessa vida que me pergunto em que bueiro minha força foi parar. Bebi algo tão besta outro dia e me levantei com todas as queixas do mundo: saudade, dor de cabeça, incompetência e talvez até ingratidão. Era muito maior que ressaca. A gente vai tentando provar a força que tem do jeito que der. Acordando todos os dias e engolindo verbos por todos os buracos do corpo, decorando o jeito de andar, sentar e acenar. O frio vem me endurecendo o corpo também. Mas o coração continua mole. E quando abro a janela, na esperança de sorrir tá tudo quase cinza. Outro dia conheci um prato novo e quase morri pra comer. Era frango molhado na pimenta pura, juro. Não sei por qual motivo, mas desde então já comprei mais duas vezes. Comi, quase chorando. Faço uns testes pra ser forte. Ás vezes pode dar certo.
A sensação de estar atravessando uma ponte e não chegar no destino desejado nunca cessa. E sempre achei isso um tanto bom. Tantas decepções com as pessoas ao redor me deixou dura, com medo de certezas e fixações. Prefiro o temporário, o que muda, o que deixa eu me mover do lugar. Sinto saudades do que passou, confesso. E uma vez ou outra vendo as fotos, eu não consigo me segurar. Dá vontade de pegar no telefone e ligar pros amigos, para perguntar o óbvio, por que será que acabou, por que tão longe, por que não dá pra voltar… E questiono se realmente esqueci toda aquela última história que me carregou até minha última pequena grande decepção no amor. Isso acontece ás vezes nos domingos em que não me ocupo muito. A mente para e pensa. Mas voltando à ponte, no meio do caminho, uma pessoa chegou. E todo mundo sempre vem com aquela voz de cansada das minhas histórias, da minha vida. Mas é a verdade. E eu não nego que tive medo, que tenho medo, que fico feliz, que me esfria a barri...
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