De fato, voar sozinha não é fácil. Não por simplesmente não ser. Mas uma vez que se acostuma ser amada, querida e estar por perto, não é tão simples esquecer de tudo e simplesmente ir em frente. Durante todo o tempo, eu tento ao máximo ver as coisas boas que me cercam e sim, elas existem em grande quantidade. O complicado é me conformar com a qualidade. Eu, que durante tanto tempo aprendi a viver contemplando toda a felicidade abstrata da vida, esquecendo o material e cada vez mais dizendo sim a tudo aquilo que se sente e não vê, me vejo buscando refúgio em quase tudo que é supérfluo, pequeno, mas que pode por uns instantes tranquilizar e me fazer sorrir. Quem não ficaria feliz com isso? É o que se passa na minha cabeça. E mesmo que a resposta seja lá no fundo, eu não ficaria feliz com isso, há todo um teatro que me faz ter a força de guardar comigo toda essa merda que me aliena e me mostra apenas que, não há mais nada a fazer, por agora. Eu não sei quem são meus amigos. Eu não consigo me divertir plenamente por aqui. Eu não queria precisar tanto deles. Eu não deveria precisar tanto de afeto. Mas preciso. E a cada passo que dou buscando isso, tudo e todos se afastam mais.
A sensação de estar atravessando uma ponte e não chegar no destino desejado nunca cessa. E sempre achei isso um tanto bom. Tantas decepções com as pessoas ao redor me deixou dura, com medo de certezas e fixações. Prefiro o temporário, o que muda, o que deixa eu me mover do lugar. Sinto saudades do que passou, confesso. E uma vez ou outra vendo as fotos, eu não consigo me segurar. Dá vontade de pegar no telefone e ligar pros amigos, para perguntar o óbvio, por que será que acabou, por que tão longe, por que não dá pra voltar… E questiono se realmente esqueci toda aquela última história que me carregou até minha última pequena grande decepção no amor. Isso acontece ás vezes nos domingos em que não me ocupo muito. A mente para e pensa. Mas voltando à ponte, no meio do caminho, uma pessoa chegou. E todo mundo sempre vem com aquela voz de cansada das minhas histórias, da minha vida. Mas é a verdade. E eu não nego que tive medo, que tenho medo, que fico feliz, que me esfria a barri...
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