Não sei quando foi que comecei a ver poder em cabelos. Mas desde então, me sinto pressionada a não mudar nem encurtar os meus. Desde um certo momento, momento que nem sei exatamente quando foi, me senti regredir. Um tanto a gente cresce e se mantém conservadora, que meus estudos e vontades de conhecer um outro mundo me deixam perdida. Meus cabelos se mantêm intactos, crescendo, querendo arrastar ao chão. Sempre os vi como uma máscara bonita pro meu rosto quando não resplendecesse felicidade. E venho então, deixando ele crescer por longos seis, sete meses. Mas vejo hoje toda essa luta pra não me tornar a mesma pessoas que meus pais são, ter a mesma ideia nova, que atrofia no primeiro enfrentamento. Dos cabelos longos, das roupas formais, dos objetivos a ser "alguém na vida", na procura do apartamento, na busca de um futuro promissor, no fechar os olhos para o que dizem na Tv, nos jornais, onde for. Ás vezes, parece não haver outro caminho a existir. E por mais que eu tenha pesadelos pela noite sobre meu futuro, há que saiba o quanto grito e luto por querer ser diferente. Não quero acreditar que no final da história, todo pássaro acaba voltando pra gaiola.
A sensação de estar atravessando uma ponte e não chegar no destino desejado nunca cessa. E sempre achei isso um tanto bom. Tantas decepções com as pessoas ao redor me deixou dura, com medo de certezas e fixações. Prefiro o temporário, o que muda, o que deixa eu me mover do lugar. Sinto saudades do que passou, confesso. E uma vez ou outra vendo as fotos, eu não consigo me segurar. Dá vontade de pegar no telefone e ligar pros amigos, para perguntar o óbvio, por que será que acabou, por que tão longe, por que não dá pra voltar… E questiono se realmente esqueci toda aquela última história que me carregou até minha última pequena grande decepção no amor. Isso acontece ás vezes nos domingos em que não me ocupo muito. A mente para e pensa. Mas voltando à ponte, no meio do caminho, uma pessoa chegou. E todo mundo sempre vem com aquela voz de cansada das minhas histórias, da minha vida. Mas é a verdade. E eu não nego que tive medo, que tenho medo, que fico feliz, que me esfria a barri...
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