Minha mãe parece sempre saber de tudo. Ou pelo menos sentir. E isso me enche de raiva, falta paciência. No impulso de querer que eu fale das minhas angústias, ela diz que está com muita saudade, uma semana depois de nos despedirmos pessoalmente. Sabendo talvez do quanto chorei naquele quarto de hotel, ela repete a pergunta sobre minha namorada, ex-namorada, não sei mais dizer. Não sei dizer mãe, ela está bem. E dá meia volta, percebe que meu rosto desconfigura com o nome e pergunta algo semelhante segundos depois. Está bem mãe. E então ela desiste. Sei o quanto sou injusta me escondendo dela, mas sei o quanto me protejo não mostrando minhas feridas. Dói porque a cada tropeço meu, em sua fala se sintoniza um tom de fofoca, mas o que aconteceu?, o mesmo que cresci escutando entre salões de beleza, almoço na casa dos avós, ceia de natal, churrasco entre famílias. Aquela preocupação estúpida, que nada ajuda, mas estará sempre pronta pra ser espalhada sem controle algum. Enquanto eu, na verdade continuo sozinha.
A sensação de estar atravessando uma ponte e não chegar no destino desejado nunca cessa. E sempre achei isso um tanto bom. Tantas decepções com as pessoas ao redor me deixou dura, com medo de certezas e fixações. Prefiro o temporário, o que muda, o que deixa eu me mover do lugar. Sinto saudades do que passou, confesso. E uma vez ou outra vendo as fotos, eu não consigo me segurar. Dá vontade de pegar no telefone e ligar pros amigos, para perguntar o óbvio, por que será que acabou, por que tão longe, por que não dá pra voltar… E questiono se realmente esqueci toda aquela última história que me carregou até minha última pequena grande decepção no amor. Isso acontece ás vezes nos domingos em que não me ocupo muito. A mente para e pensa. Mas voltando à ponte, no meio do caminho, uma pessoa chegou. E todo mundo sempre vem com aquela voz de cansada das minhas histórias, da minha vida. Mas é a verdade. E eu não nego que tive medo, que tenho medo, que fico feliz, que me esfria a barri...
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