Minha casa em Paraopeba. Minhas casas em Paraopeba. Uma solidão que não saía de mim aos domingos. Meus pais bebendo. Eu subia em árvores e lá passava o dia falando com insetos. Cidade perigosa, aprendi a bater em meninos. Mas corria das meninas. Perdi um amigo para o câncer. Espiritismo. Tinha tevê todo dia. Meu sonho era sair dali. Saí. Parei de correr das meninas. Aprendi a beijá-las. Conheci o amor. Conheci a dor do amor. Novelas mexicanas. Dançava sozinha no quarto. Conversava com meu cachorro, mas tinha medo dele. Me sentia livre, mas não era de fato. Sexo na rua, sexo em qualquer lugar. Meus pais bebendo. Ganhei um quintal novo. Passava tardes sozinha no gramado. Não sabia deixar de amar. Meu pai e o futebol no rádio. Sexo e dor. Reza. Amigos na calçada. Vodca. Rum. Muito. Festas. Queria sair dali. Saí. A maior cidade. Medo, receio. Sexo, bebidas. Estudo e estudo. Fraqueza. Desisti do amor. Sexo. Meu pai e o futebol no rádio. Detesto futebol. Lembrava da solidão do passado aos domingos. Queria sexo. O amor não desistiu de mim. Não era pra apaixonar. Já era. Estudo e estudo. Futuro e passado. Sexo e sexo. Sem amigos. Com amigos. Bebidas e boates. Amor. Amor. Amor. Despedida. Não queria sair dali. Saí. Medo. Saudade. Saudade. Amor. Brasil e lágrimas. Dava pra ouvir meu pai e o futebol no rádio. Queria sair dali. Queria sexo. Amor. Cegueira. Estudo e estudo. Me sentia livre, mas não era de fato. Não sabia deixar de amar. Decepção. Uma solidão que não sai de mim aos domingos. A cidade do tamanho do mundo. Festas e pessoas quase perfeitas. Eu queria sambar mas na sala só rebolam. Maconha. Bebidas. Fogo pra esquentar, neve pra me acordar. Sem amigos. Com amigos. Sozinha. Distância. Lágrimas. Já que chego mãe. Reza por mim pai. Mal começou minha vida. Quero sair daqui.
A sensação de estar atravessando uma ponte e não chegar no destino desejado nunca cessa. E sempre achei isso um tanto bom. Tantas decepções com as pessoas ao redor me deixou dura, com medo de certezas e fixações. Prefiro o temporário, o que muda, o que deixa eu me mover do lugar. Sinto saudades do que passou, confesso. E uma vez ou outra vendo as fotos, eu não consigo me segurar. Dá vontade de pegar no telefone e ligar pros amigos, para perguntar o óbvio, por que será que acabou, por que tão longe, por que não dá pra voltar… E questiono se realmente esqueci toda aquela última história que me carregou até minha última pequena grande decepção no amor. Isso acontece ás vezes nos domingos em que não me ocupo muito. A mente para e pensa. Mas voltando à ponte, no meio do caminho, uma pessoa chegou. E todo mundo sempre vem com aquela voz de cansada das minhas histórias, da minha vida. Mas é a verdade. E eu não nego que tive medo, que tenho medo, que fico feliz, que me esfria a barri...
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