Na solidão, meu quarto ganha vida. Não conversa, mas sente tudo, respira, me inspira e me solta devagar na cama, o travesseiro afunda e se molha quando viro meu rosto para outro lado. Esses lençóis que sabem mais do que qualquer humano sobre quem sou. Minha bagunça na mesa que conhece cada passo que dei e talvez a cada chute que eu dava sem querer na beirada da cama, era um sinal de que alguma coisa não ia bem. Cada chute, talvez fosse parte desse processo. Uma dor de cada vez. Mesmo que eu acordasse esperançosa no outro dia de sol e lembrasse do antigo pessimismo. Mais tarde eu teria mais uma hematoma em algum lugar. Uma dor afeta um lado, outra afeta outro, até que assim eu conseguisse enxergar melhor onde raios eu estava pisando.
A sensação de estar atravessando uma ponte e não chegar no destino desejado nunca cessa. E sempre achei isso um tanto bom. Tantas decepções com as pessoas ao redor me deixou dura, com medo de certezas e fixações. Prefiro o temporário, o que muda, o que deixa eu me mover do lugar. Sinto saudades do que passou, confesso. E uma vez ou outra vendo as fotos, eu não consigo me segurar. Dá vontade de pegar no telefone e ligar pros amigos, para perguntar o óbvio, por que será que acabou, por que tão longe, por que não dá pra voltar… E questiono se realmente esqueci toda aquela última história que me carregou até minha última pequena grande decepção no amor. Isso acontece ás vezes nos domingos em que não me ocupo muito. A mente para e pensa. Mas voltando à ponte, no meio do caminho, uma pessoa chegou. E todo mundo sempre vem com aquela voz de cansada das minhas histórias, da minha vida. Mas é a verdade. E eu não nego que tive medo, que tenho medo, que fico feliz, que me esfria a barri...
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