Depois do aeroporto, depois do primeiro prato à brasileira, depois de todos os abraços “meu-deus-depois-de-um-ano-e-meio”, eu fui para o lugar mais clichê, mais óbvio e mais urgente: meu quarto. Fiquei feliz pelo ventilador na parede porque o calor me derretia - e continua me derretendo. Deitei na cama e depois tratei de procurar alguns bilhetes espalhados entre as roupas nas malas. Eu sabia que encontraria e já me sentia em pânico. Ou sentia amor, mas com saudade. E um pouco de tristeza também. Me perguntei algumas vezes como sempre faço, o porque de tudo isso acontecer - de novo - com alguém que só precisava aprender a ficar sozinha. E quando acreditei que voltar seria apenas voltar, encontro uma carta com frases que eu não esperava ler, mas que dizia exatamente o que eu sentia. Quando tenho um pacote de carinho dentro de mim, eu faço questão de usá-lo com a pessoa que acredito ser a certa. Caso eu não receba de volta, eu tenho a consciência de que preciso seguir o caminho do rio, sozinha. Acreditei que estava fazendo isso, até que abri aquele bolso com um par de tênis e um papel branco caiu. Até que recebi mensagens para que eu mantivesse contato. Até que passei o dia dentro do quarto conhecendo uma nova casa e uma nova família pela tela do computador - meu karma. Então eu volto a pensar que se as coisas aconteceram assim, foi porque elas precisavam acontecer assim. E aceito. Mas sinto muito falta de tudo. Principalmente de todos os segundos em que eu ouvia aquelas expressões gregas misturadas ao português de aprendiz.
A sensação de estar atravessando uma ponte e não chegar no destino desejado nunca cessa. E sempre achei isso um tanto bom. Tantas decepções com as pessoas ao redor me deixou dura, com medo de certezas e fixações. Prefiro o temporário, o que muda, o que deixa eu me mover do lugar. Sinto saudades do que passou, confesso. E uma vez ou outra vendo as fotos, eu não consigo me segurar. Dá vontade de pegar no telefone e ligar pros amigos, para perguntar o óbvio, por que será que acabou, por que tão longe, por que não dá pra voltar… E questiono se realmente esqueci toda aquela última história que me carregou até minha última pequena grande decepção no amor. Isso acontece ás vezes nos domingos em que não me ocupo muito. A mente para e pensa. Mas voltando à ponte, no meio do caminho, uma pessoa chegou. E todo mundo sempre vem com aquela voz de cansada das minhas histórias, da minha vida. Mas é a verdade. E eu não nego que tive medo, que tenho medo, que fico feliz, que me esfria a barri...
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