Vê? Minha cabeça aberta, na sua frente, entupida de merda. Olha bem, a que ponto cheguei. Vê, esse corpo estranho e nada uniforme, e as palavras que quase nunca saem nítidas. Cabelo por toda parte, e somente perguntas, sem muitas respostas ao alcançe. Antes, eu dificultava e deixava de ser clara por modismo. Gostava de ser questionada e de responder. Mas daí me viciei e hoje, simplesmente não consigo ser clara com muitas coisas. Muito menos comigo mesma. Vê? O que fui e o que sou hoje. Me sinto plantada, quase enterrada no chão, debaixo dele, não sei. Queria ter me arriscado um pouco mais. Podia talvez, ter gritado antes, ter histórias a contar. Podia ter me arriscado a sofrer mesmo, de cara ao vento, nua, ou totalmente vestida de menina má. Você tinha toda razão. Daqui a uns anos, vou dizer que... bem, eu nunca fiz nada demais.
A sensação de estar atravessando uma ponte e não chegar no destino desejado nunca cessa. E sempre achei isso um tanto bom. Tantas decepções com as pessoas ao redor me deixou dura, com medo de certezas e fixações. Prefiro o temporário, o que muda, o que deixa eu me mover do lugar. Sinto saudades do que passou, confesso. E uma vez ou outra vendo as fotos, eu não consigo me segurar. Dá vontade de pegar no telefone e ligar pros amigos, para perguntar o óbvio, por que será que acabou, por que tão longe, por que não dá pra voltar… E questiono se realmente esqueci toda aquela última história que me carregou até minha última pequena grande decepção no amor. Isso acontece ás vezes nos domingos em que não me ocupo muito. A mente para e pensa. Mas voltando à ponte, no meio do caminho, uma pessoa chegou. E todo mundo sempre vem com aquela voz de cansada das minhas histórias, da minha vida. Mas é a verdade. E eu não nego que tive medo, que tenho medo, que fico feliz, que me esfria a barri...
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