Como marionete, totalmente sem controle. Alguém grande demais pra conseguir enxergar lá debaixo, pega pelos braços e a troca de lugar. Casa, estrada, casa, quarto. Ás vezes lhe coça a barriga, lhe sangra os dedos com tinta, a faz correr principalmente. Deve ser engraçado assistir a tudo isso. Quase um espetáculo sem espectador. Porque é só a marionete sem controle, seus braços finos, as pernas longas e o caminho longo, distante debaixo do sol de papel. Vez ou outra chove, as cores desbotam, e o controlador vem fazer ela dançar com qualquer tom, qualquer som, pra puxar a linha da boca que faz o sorriso sorrir. Ás vezes cola, ás vezes a linha repuxa e ele emenda com um drama se a boca embola, jogando gotinhas nos olhos, entorta o pescoço e narra mais um conto, que conta devagar, como é que ela foi parar ali, sozinha, outra vez.
A sensação de estar atravessando uma ponte e não chegar no destino desejado nunca cessa. E sempre achei isso um tanto bom. Tantas decepções com as pessoas ao redor me deixou dura, com medo de certezas e fixações. Prefiro o temporário, o que muda, o que deixa eu me mover do lugar. Sinto saudades do que passou, confesso. E uma vez ou outra vendo as fotos, eu não consigo me segurar. Dá vontade de pegar no telefone e ligar pros amigos, para perguntar o óbvio, por que será que acabou, por que tão longe, por que não dá pra voltar… E questiono se realmente esqueci toda aquela última história que me carregou até minha última pequena grande decepção no amor. Isso acontece ás vezes nos domingos em que não me ocupo muito. A mente para e pensa. Mas voltando à ponte, no meio do caminho, uma pessoa chegou. E todo mundo sempre vem com aquela voz de cansada das minhas histórias, da minha vida. Mas é a verdade. E eu não nego que tive medo, que tenho medo, que fico feliz, que me esfria a barri...
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