Desci do ônibus, me veio um frio na barriga. Eu não queria ficar lá, mas também não queria chegar. Desliguei o celular. Um orelhão me deu tempo de dizer : 'Sim, eu tô bem' e desligou. Queria que o caminho fosse longo, dessa vez. Eu sabia o caminho mais curto. Mas mudei tudo. Entre uma rua e outra, passei pela lagoa. Gente e mais gente. Eu precisava disso. Subindo devagar a rua, mais gente, cores, músicas. O parque, brilhante com cheiro de manteiga. Só mais um dia.
Voltou aquele sorriso tímido que eu media milimetricamente de longe, para considerar que era sim um momento de felicidade. Voltou o 'bom dia' mais legal, as perguntas sobre a vida e a 'boa noite' pedindo o abraço que eu ainda não sei dar. Voltou sem seu violão melodramático, no quintal solitário, porque voltou contente. Voltou sem julgar nada, ninguém, nem mesmo ele. Voltou meio ciumento, mas hoje olha pra mim e vê, porque sabe que há espaço pra ele também. Voltou pra mim e marcou seu território, aqui dentro e pelo mundo, daqueles que, apesar de tudo, eu ainda admiro. Meu pai voltou.
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Abraço!