Postagens

Mostrando postagens de março, 2011
Automática, mórbida, eu quero conseguir não precisar de nada artificial pra me divertir. Eu, que sempre detestei perder cem por cento do controle sobre tudo que é meu, peço um toque de mágica hoje. Qualquer feitiço que me faça acreditar que mágoas são coisas idiotas. Que existem pessoas mais idiotas ainda. Que existem pessoas maravilhosas e se eu não olhar pra elas, vou me perder sem saber. Que me faça crer que momentos ruins sempre vão passar. Mesmo que voltem, sempre se vão. Eu não ligo mais. Eu quero conseguir me entregar ao prazer de ser e sentir outra vez. E eu preciso de qualquer toque de mágica. Não posso mais, me condensar em medo e propostas enganosas feitas por mim e pra mim. Eu quero poder ceder. Dizer sim. Chorar outra vez. E pensar que talvez eu precise sempre de voltar e me cobrar isso, essa coisa de sim, eu vou. Sim, eu quero, agora. Mesmo que eu seja somente um ovo, prestes a cair e matar o que vive aqui dentro. 
Talvez eu só volte a escrever, quando eu conseguir enxergar mais coisas boas, do que ruins. 
Se eu for pensar, eu acabo me lembrando de tanto que já fiz por ti. Do tanto que lutei, quis matar meu mundo, quis me matar, te matar. Eu lembro do quanto chorei, em vão, sozinha, com o mundo nas costas e todo mundo gritando em cima: Está indo longe demais!. Se eu for pensar, eu depositei minha confiança no vácuo, e depois que ela se foi, fiquei fria. Hoje, espero o mínimo de educação. Hoje eu quero viver o hoje e nada mais. A gente vai levando, chutando a pedra na rua, pra ver onde vai dar. Mas nada demais. Eu bebi nas últimas saídas, mas não sinto nada demais. Eu resolvi desenhar e não mudou muita coisa. Sabe, não tem gosto de mel, nem fel. Não  fede tanto, nem cheira tão bem. É por esse caminho que eu vou andando. O amor? Ele existe, claro. Mas talvez tenha mudado a cor, a temperatura e talvez ele também esteja cansado de querer ser alguma coisa que não é, e nunca foi.
Mais ou menos dois aninhos, ficou a um metro de distância de mim, sentado no colo da mãe. Nova, ela passava a mão de leve na cabeça do pequeno, que parecia estar dormindo, ou quase no sono absoluto, mas os olhos ainda estavam abertos. A medida que o ônibus corria pelas ruas, todos saltavam do assento. - Vamo descer mamãe?. E ela sussurrava no ouvido dele, algo baixinho que eu não conseguia ouvir. O menino se virou par o rosto da mãe, e impaciente queria chorar. Alguns soluços contendo as lágrimas, e eu percebi que seus olhos procuravam algo. - Vamo descer mamãe?. - Jaja meu bem. Jaja. Aos poucos, percebi que os olhinhos circulavam desesperados, procurando luz, procurando as cores, procurando respostas. E mesmo inseguro e com medo, adulava a mão da mãe com os dedinhos. Pararam na frente do hospital. Na hora de descer, ele agarrou o pescoço da mãe. Ele estava aprendendo a enxergar com o coração.
22:00 horas. É agora que minha tosse seca chega, me fazendo tremer toda, mesmo que não tenha dado sinal durante o dia inteiro. Tenho várias coisas a fazer, mas minha mão treme, parece até de raiva por não conseguir me concentrar. Minha mãe ligou hoje, pela primeira vez, desde que saí de casa. Não falou comigo, mas já é um avanço. Me sinto muito sozinha, longe de tudo que é meu. Na verdade, a única coisa que tenho é um cômodo com algumas coisas. Me sinto bem ali. Mas nem ele tenho comigo mais. Somente uma rotina a seguir agora. Concentração a adquirir. Tenho que tentar ter auto controle sobre mil coisas ao mesmo tempo. Por exemplo essa dor que não pára, essa tosse vadia e esses trabalhos a fazer. Também a hora em que acordo, talvez meu cabelo penteado pra sair ajude alguma coisa quando eu me olhar no espelho dos banheiros não? Tenho que voltar a focar em mim e não mais ficar recordando de um passado próximo sobre brigas e confusões. De nada adiantou chorar por tanto tempo, sofrer achand
Me permitia ás vezes, somente abrir os olhos sem me mexer. É como um jogo idiota, que já me fez perder o ar umas três vezes. Depois do sono, ou mesmo antes dele, tento controlar e contabilizar minha respiração. Inspira, expira. Sincronias idiotas que tento fazer que me deixam louca e me fazem perder a merda do sono. Um dia, fiquei presa. Tão presa que não podia acordar, por isso. Alguma coisa dizia que ainda não estava na hora. Mas odeio que me controlem. O fato de ser mais forte do que eu, me doeu a alma, chegou a ferir meu orgulho e tudo que eu mais queria era acordar. Nem meus olhos eu podia abrir. Ridículas sensações que invento, criam asas e fazem de mim uma refém. Até o dia em que prometi não controlar mais nada. Nem tempo, nem expira, nem inspira, nem datas. Metódica e extremista infantil, ai que ridícula.
Por incrível que pareça, eu não posso e nem consigo: pagar com falsidade, a gente falsa; competir com o incompatível; ser serena e calma, quando são rudes e fracos; ser objetiva com o subjetivo; ser persuadida pelo desconhecido. 
Tsc Tsc. Lembranças macabras, eu odeio vocês. Prefiro mais um gole de ilusão a voltar a me enterrar num mundo de pouca graça. Vamos levando, que dá. Até aqui eu confiei em Deus, e até que me saí bem. O que machuca um dia, te faz mais forte no próximo. Só não vale reclamar que fiquei fria e frígida. São como os anticorpos agindo durante uma gripe, quando outra já quer chegar. E eu prefiro os anticorpos a esses soros que só vão me fazer dormir e tentar esquecer o inesquecível. Admiro sistematicamente minha natureza. Acredito que o que vai, volta; que quem planta, colhe. Então, quando me vejo tendo lembranças idiotas que me dão repulsa e nojo de alguém, tento me lembrar de algum erro que cometi, algo que deixei fora do lugar. É hora de organizar tudo outra vez.