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Mostrando postagens de julho, 2012
O1:25h O melhor momento dessa casa depois de tantas vozes. O cheiro do cigarro impregnava, dessa vez até meu quarto. Não que eu não goste, sabe, com o tempo percebi que mesmo sem fumar o cheiro da fumaça sempre vai estar comigo. Sinto um gosto de sangue e ainda não sei o motivo. Encontrei um chocolate pela casa e mesmo não sendo apaixonada por chocolates, devoro como se fosse um remédio sem receita. Auto medicação mesmo. Não gosto da noite, não muito. O sono vem e sempre me faz conformar com o que tenho. Seja pouco ou muito pouco. Acabo otimista analisando a vida antes de dormir, essas conversas com deus, cortinas e a parede amarela. Sempre penso que poderia estar pior e quando acordo é dia, o sol sim me faz sorrir e tentar mais e mais uma vez. 
Agora ela nem foge mais do meu olhar. Diante de certas coisas ela fixa mesmo aquele par esculo e brilhante aqui, parece até que bem na ponta do meu nariz pra condizer com o humor que tem em rir dos meus defeitos. Mesmo assim, não faz idéia do que quer da vida, nem de mim e dessa longa história que tem tudo, exatamente tudo menos um nome. Eu sinto dizer que tudo tem prazo de validade e mesmo sem saber até onde vou, eu sei, o samba vai ficando baixinho.
A água não dá pé. Por vezes eu enxerguei o fundo conseguia andar e sentia tudo bem fresco. A gente finge que vê assim com um ar de casualidade algo que já está pra lá de complexo. Sabe que vai afundar, quiçá afogar nesse rio que hoje já está escuro demais, mas não desiste. Minhas metáforas são podres eu sei. Mas é que não sei dizer nada puramente claro. Me falta o ar, eu nunca encontro as palavras mais objetivas. É um mal sempre me perder nisso. Nas palavras e não saber chegar a uma simples conclusão. Dou voltas e voltas no mesmo lugar, minha cabeça se confunde, se perde. Minha mãe em relances na frente do espelho, me pergunta sobre seu vestido novo. Respostas monossilábicas enquanto aqui dentro gritam tão alto, mas tão alto que a única grande frase que consegui dizer foi "fecha a porta do quarto pra mim, por favor?" num tom nada agradável. Eu não quero machucar ninguém, mas olha, estão me ferindo por querer, enxergam? Eu tenho uma porção de coisas boas aqui dentro pra
Esses dias, que geralmente os homens dizem ser os infernais (e talvez até sejam) vão além de qualquer reação orgânica dentro de mim. E como ariana fiel que sou à minha natureza, quero e sempre tento fazer deles, os dias mais produtivos. Um desenho, qualquer tipo de produção que é pra eu me sentir melhor comigo mesma. E a tendência feminina quando nervosa é sempre meter os pés pelas mãos. Não que eu desenhe com o pé, mas falo de não sair nada, nada do lugar. Um ciclo que me empurra devagarzinho pra dentro do quarto às nove da noite, me ajuda a jogar os edredons de qualquer jeito, boto pra tocar um álbum muito provavelmente dramático, começo com alguns questionamentos clichês sobre tudo que anda acontecendo como se fosse o fim do mundo, e deixo alguma lágrima cair, até pegar no sono. Mas se tem uma coisa da qual me orgulho muito, é de ter nascido mulher. Da carne forte, do coração forte, da ansiedade em viver o agora mas pensando tanto lá na frente. E mesmo com o quarto bagunçado, tent
Não como pretensão nem vontade de gastar meu tempo e minhas palavras tentando questionar as atitudes contraditórias e baixas. Mas depois de todo esse tempo e esse teatro que assisto tantas vezes sem querer, como alguém que entra na peça errada e na hora "certa" pra ver as cenas que com certeza vão me machucar, eu resolvi concluir com uma ideia muito simples, o meu sentimento por todo esse transtorno que você fez, tão friamente. Ouvia e lia uma frase a um ano atrás, que dizia nos momentos divisórios de águas: "Na minha memória e no meu coração, você ocupa um dos lugares mais bonitos". Que deixava claro que apesar de tudo, uma porção de coisas boas ficariam aqui dentro também, e as lembranças felizes talvez deixaria meu carinho intacto. Mas bem, infelizmente a escolha não foi minha... diante da falta do seu olhar pra dentro de si mesma eu não sei, e hoje não tenho a mínima vontade de saber o que te deu. O fato é que a frase bonita, hoje, não faz o menor sentido. Ten
E depois de ouvir tudo que o cara disse eu concluí: então, se todo indivíduo soubesse e entendesse a quantidade e a potência da energia condensada que existe dentro de si, esse mundo seria realmente bem diferente não é? Se o que parece tão forte aos olhos do mundo, que seguem sendo somente uma massa de corpos e idéias, mas idéias que não saem tantas vezes do lado direito do cérebro (quem dirá do esquerdo). Forte é o que cada um constrói dentro de si. Mais forte ainda, os que conseguem acreditar nisso a ponto de exteriorizar com a intenção de complementar o outro. Não segregar ou sobrepor ideologias. 
Passei o dia questionando a amizade. O dia todo, pensando em como foi construir uma amizade durante anos e algo desmoronar como castelinhos de cartas de baralho. Fim do dia, teria que ir a uma festa, chá de bebê com o bebê bem presente. Uma prima que nasceu querendo fazer parte de tudo, tanta pressa teve que  me recebeu  junto com os balões cor de rosa. Festas de família parecem chatas assim, de cara. Mas depois de passar o dia me lembrando de quem são as pessoas que podem e conseguem fixar meus pés no chão junto com abraços, eu me dei conta de que família é sim a melhor e maior amizade que pode existir. A avó me esperava com ânsia, e eu não havia entendido o motivo da alegria por minha chegada. Foi nesse abraço que senti com uma força incrível o carinho de alguém que eu não via há anos. "Você não sabe como eu fico feliz em te ver aqui". A voz ficou trêmula e algumas lágrimas desceram. Inúmeras pessoas que eu não via a tanto tempo, e logo agora, quando eu mais precisei, apa
Entre tantas coisas intocáveis, mas mundanas, entre todas as viagens que eu fiz dentro de cada um que se senta na minha frente e olha minhas pupilas, me tirando palavras, abraços, desejos, o que for! Eu só posso pedir que fique. Um pouco mais. É que transcende que o que existe é forte, bonito e fixa minha mente aí dentro, sem muita vontade de sair. Nunca se sabe como se chama, nunca gostei de nomear muita coisa. Mas fique se realmente quiser.
Vejo pela janela do quarto que... é, não tem muito jeito. Estou esquecendo que envelheço também. Que essas cortinas me viram crescer. Principalmente eu, que sempre vivi dentro do quarto. Ninguém mais me conhece tão bem, como as cortinas, o espelho sujo com adesivos velhos, as mesmas fronhas coloridas (hoje com as cores bem mais opacas). Opaca eu que estou. Desculpem-me. Eu continuo voando... mas entre pousos e pousos chega a me dar uma ponta de vontade de parar de vez. Olha, as cortinas nem cor de creme são... já não fazem sentido aqui. Nem as cortinas, nem meus desenhos espalhados pela parede. Apenas os valores que conquistei na época em que ficava trancafiada no quarto. Elas sim fazem sentido. Mas eram exatamente elas, que me mantinham tão feliz, mesmo sendo sozinha. Envelheço dentro do quarto, mas minha mente, ah, essa vai longe. Ela é o pajarito .
Sinto uma falta enorme de quando eu era mais nova e certa de tudo. Minha certeza abrangia o meu mundo. E o meu mundo bastava. Morreria facilmente feliz, se não soubesse o que era esse mundo falsamente bonito, cheio de curvas perigosas e quebradas necessárias. Entendia que o melhor a fazer era sempre, sempre falar. E por tantas vezes sem poder soltar minha voz, comecei a escrever. Era grátis, silencioso e treinava o português. Quando me cobrou pela primeira vez, rolaram umas lágrimas. E a pior coisa foi perceber que nada, nada nessa vida é realmente de graça. Te cobram o corpo, as palavras, te fazem chorar. E quando você acorda entregando o coração, ah, aí já era mesmo. Caí no sistema, na maioria. E ir contra ele é simplesmente se entregar a loucura. E se tem uma coisa que eu invejo é a loucura sincera e cheia de idéias  de algumas pessoas. Aplausos, por favor, se encontrar um par de olhos que perca o foco e o chão em alguns dias. Eu desejo luz a elas, no sentido de que luz, possa c
Quando morrer, posso virar puta. Escrota, demoníaca, estúpida e até assombração. Mas por favor, não me façam virar santa. Nunca fui, nunca serei. Mania de ser metódica e o destino que sempre me faz parecer uma garota caxias, sempre tão correta, me corrompeu a vontade de um dia me doar por aí. Me acostumei a sorrir com o amor, quando tanto acreditei nele. Me acostumei a chorar a cada perda. Aprendi a falar palavrão com meus irmãos, todos homens e sempre sedentos pelo proibido. Pulei o muro da escola por prazer e fiquei de castigo. Batia em qualquer um na escola se falassem da minha mãe, se dissessem que eu estava namorando algum garoto. Ambicionei o sexo desde nova, com um toque de inocência ao perguntar sobre os bebês, mas sempre querendo chegar no ponto certo: como deveria ser me entregar. Tudo certo? É melhor deixar essa minha imagem por aqui. Mesmo que não dure muito tempo. Me sinto culpada, estranha. O corpo pede uma coisa, o coração diz outra. Eu durmo, acordo e quando me pego c
Eu falo como se fosse a primeira vez. Sinto medo como se tivesse ainda quinze anos. E já que falar tudo que eu queria não tá adiantando muito, não vai mudar... eu peço que faça qualquer coisa, pra eu não ver mais beleza em qualquer lugar ou coisa que tenha você. Grata.
Eu tentei esquecer de tudo. Mas hoje, só hoje quero me esforçar pra lembrar de volta. Da despedida na rodoviária. Do blues na pracinha e você falando do meu olho enorme de criança. Do cuidado e da proteção instintiva, até com sexo. Das malas chegando na minha casa. Do wisky com energético na piscina e tantas gargalhadas. De quando eu tive medo de me despedir com um beijo. De você pedindo pra eu não te chamar pelo nome composto completo. Das vezes que disse que eu estava linda. De quando me levou pela mão. De quando chorei de medo de um cachorro e você se assustou. Da pizza na pracinha. Do guarapan na pracinha. Do seu presente de natal. Do meu presente de natal. Dos cafés de manhã com ovos e tudo mais. De quando preparou um jantar pra mim. Do cappuccino de noite "pra dormir melhor". De quando leu Hilda Hilst pra mim, depois de uma conversa estranha, verdadeira e com muito álcool. De quando chegou na minha casa de surpresa. Das conversas e de quando me viu mais do que como u