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Mostrando postagens de agosto, 2014
Quando eu era criança, lembro da minha mãe com mania de nos levar a alguma benzedeira do bairro. Parecia mesmo que tudo que pudesse estar errado, voltaria ao normal. Doenças, desânimos, rosto amarelado e até nota ruim na escola era motivo. E parecia um passeio legal em família, daqueles que nos reunia de verdade nos fins de tarde na menor cidade que já morei. E benzer pra mim parecia um carinho. A senhora velhinha que me passava as mãos no rosto e no cabelo, dizendo orações baixinho. Eu ficava com sono por tanta calma. Lembro de falar com meus irmãos o quanto era bom e o quanto queria que durasse mais tempo. Acho que desde sempre senti falta daquele tipo de carinho. Lembro que depois brincava com meus irmãos em casa, cada um tinha seu momento de ganhar carinho na cabeça, parecia engraçado, mas levávamos muito a sério.  Depois de um tempo, eu era responsável por levar meus irmãos pra serem benzidos. Me sentia muito bem fazendo aquilo por eles. E aos poucos, minha mãe foi conhecendo
Todo esse tempo me pareceu um treinamento. Acordar cedo, me preparar e aproveitar mais um dia, como se fosse um a menos na solidão. E assim o fiz. Contei na verdade, as cartelas do remédio que todo todos os dias tomo pra controlar meus hormônios. De fato, se ele controla tenho gratidão. Mas convenhamos que procurar outro remédio poderia ajudar mais.  Por todo esse tempo eu me entreguei a todos os sentimentos possíveis. Mas era como um treino, onde eu teria que ser cada dia mais e mais forte. Sinceramente posso dizer que não existem de formas sólidas, nenhum vínculo mais com aqueles lugares. Com aquelas pessoas. Talvez meus pais me olhassem mais a fundo e veriam que eu estou em desespero pra voltar. Mas se eu trato de falar sobre estudos, eles esquecem. Toda essa coisa de oportunidades... tudo isso me trouxe aqui. Mas, mais uma vez não sei dizer se vejo as coisas com uma cara tão boa assim. Feliz mesmo seria se eu tivesse largado todo aquele lado de lá, a fim de não ter a cabeça e
Minha mãe parece sempre saber de tudo. Ou pelo menos sentir. E isso me enche de raiva, falta paciência. No impulso de querer que eu fale das minhas angústias, ela diz que está com muita saudade, uma semana depois de nos despedirmos pessoalmente. Sabendo talvez do quanto chorei naquele quarto de hotel, ela repete a pergunta sobre minha namorada, ex-namorada, não sei mais dizer. Não sei dizer mãe, ela está bem. E dá meia volta, percebe que meu rosto desconfigura com o nome e pergunta algo semelhante segundos depois. Está bem mãe . E então ela desiste. Sei o quanto sou injusta me escondendo dela, mas sei o quanto me protejo não mostrando minhas feridas. Dói porque a cada tropeço meu, em sua fala se sintoniza um tom de fofoca, mas o que aconteceu?,  o mesmo que cresci escutando entre salões de beleza, almoço na casa dos avós, ceia de natal, churrasco entre famílias. Aquela preocupação estúpida, que nada ajuda, mas estará sempre pronta pra ser espalhada sem controle algum. Enquanto eu, na
Desde o primeiro dia, eu disse que seria muito difícil. Mas eu não imaginava, que seria tão mais doloroso. A viagem tão sonhada, com tanta dificuldade e na verdade não havia destino nenhum, mas qualquer lugar em que ela estivesse eu iria vê-la. E fui. Ver, abraçar e tocar quem deixei há um ano foi a coisa mais surreal que me aconteceu. Mas mesmo com todo amor, algo pairava no ar. E foi isso, ela se foi. Já imaginava que fosse tão dura nessas horas. Fomos com dor até o mesmo aeroporto. E fiquei lá chorando minhas últimas lágrimas, porque agora acho bom não ter mais força pra isso. E acho que todos aqueles verbos "pensar", "ver com calma", "tentar" foram eufemismos pra que eu entrasse no avião mais calma. E entrei, dezessete horas depois aqui estou. Tentando começar a prática de tirar você de mim. (Tão difícil quanto tirar nosso álbum e suas cartas da mochila).