Minha mãe parece sempre saber de tudo. Ou pelo menos sentir. E isso me enche de raiva, falta paciência. No impulso de querer que eu fale das minhas angústias, ela diz que está com muita saudade, uma semana depois de nos despedirmos pessoalmente. Sabendo talvez do quanto chorei naquele quarto de hotel, ela repete a pergunta sobre minha namorada, ex-namorada, não sei mais dizer. Não sei dizer mãe, ela está bem. E dá meia volta, percebe que meu rosto desconfigura com o nome e pergunta algo semelhante segundos depois. Está bem mãe. E então ela desiste. Sei o quanto sou injusta me escondendo dela, mas sei o quanto me protejo não mostrando minhas feridas. Dói porque a cada tropeço meu, em sua fala se sintoniza um tom de fofoca, mas o que aconteceu?, o mesmo que cresci escutando entre salões de beleza, almoço na casa dos avós, ceia de natal, churrasco entre famílias. Aquela preocupação estúpida, que nada ajuda, mas estará sempre pronta pra ser espalhada sem controle algum. Enquanto eu, na verdade continuo sozinha. 

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