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Mostrando postagens de maio, 2013
- Talvez eu pense nas coisas certas no tempo errado. Ou talvez a minha vida nunca pare de me pregar peças. - Pensei. Só pensei mesmo, porque dizer isso seria estopim pra escutar de volta, alguma frase que eu sinceramente prefiro dormir sem. Se depois de algum tempo, aprendi a viver uma dia após o outro, a ir devagar, a não apegar e muito menos esperar ligações no dia seguinte, em dois meses a "regra" era me derreter e acreditar em um futuro lindo, com balõezinhos vermelhos voando, e eu acreditando que era verdade, que não era platônico. E que sim, aceitaria ter uma vida maravilhosa e cheia de acertos e a melhor companhia, mesmo que pareça absurdo não aceitar ser feliz. E sou. Mas não basta me fazer andar constantemente em uma montanha russa. A minha vida fica lá embaixo, na saída morrendo de rir de mim, debruçada sobre algum banquinho de espera, onde os pais das crianças ficam, ansiosos pra saber qual foi a parte da montanha que mais deu medo. Minha vida se junta a eles e
Entre tantos casos, o caos, e essa vida que é família, que é tudo e que tem que ser, o trabalho, as brigas, o estudo e a obrigação de estar sempre sorrindo, ela me aponta o céu, segura minha mão como quando quer me levar pro cômodo mais perto, e alguma coisa tapa a lua, nuvens, friozinho, eu sinceramente pouco me importava, queria só olhar pro cabelo e pro rosto com o sorriso meio de lado. Me puxa e solta um "te amo", quase então proibido, novo, fantástico. Já amava há tempos. Dormi melhor naquela noite.
Sob a meia luz do quarto levanto sentindo dor no pescoço, mau jeito por ter cochilado em cima de tudo que estava na cama. Me esqueci do quanto estou cansada e disse que ia sair hoje. Saí contando como se fosse a coisa mais legal do mundo e nem é. Me esqueci que fazer amizade pra mim parece um desafio enorme, e que o fantasma infeliz conhecedor dos meus pontos fracos volta e fica perambulando. Fiquei horas pensando sobre esse discurso que as pessoas fazem, olhando pra minha vida e pensando em quantas bocas e histórias elas já pousaram enquanto eu simplesmente amava uma só mulher. As pessoas não são muitas, só são consideráveis. As pessoas me consideram, mas são poucas. Sempre preferi assim, mas me confundem, e em um momento elas somem. Voltei a trabalhar, acendi a luz e não arrumei a cama. Tomo um banho logo, boto a roupa de frio e desejo que eu não me arrependa de sair do apartamento.
" Quando o que eu mais queria e ra provar pra todo o mundo, q ue eu não precisava p rovar nada pra ninguém."
Vem quando der, vai assim que puder, sem previsão de volta. Se na minha mente o platônico sempre foi meu vizinho, encontrei aí um amigo que também não existe. Desde criança carrego comigo, essa coisa de falar sozinha, chorar com os desenhos na parede me escutando lamentar. Existem tempos de sorrir. O resto, foi feito exclusivamente pra mim. Vou seguindo assim, do jeito que der, até que cesse. Nem sinto mais dor, as coisas se acalmam na anestesia de acordar todos os dias não é? O recado que fica incrustado no peito é que, o problema é quando impulsos para sorrir de novo voltam. Se voltam, me confundo, minhas mãos reagem bem, minha cabeça me pede pra fechar os olhos a fim de não enxergar e meu coração se quer responde. Me faço de invisível, me recolho como sempre estive, volto ao meu lugar. Parei de querer entender, talvez até de tentar. 
E eu volto a me lembrar de cada arrepiou que me causou. Um sopro nos olhos, a invasão no cabelo, a não censura de tocar as mãos na rua, de puxar pelo braço porque o desejo não tem hora marcada, de explorar o novo, me mostrar o desconhecido e ainda assim, contar nas entrelinhas que há muito mais que eu não conheço. E entre beijos, suspiros e agora, meus soluços eu pensei que podia ser só isso. Mas é muito mais. 
Eu jurava que não, que alguma coisa sempre iria tapar esse buraco estranho que eu vi crescer, não iria doer assim. Foi costume em cima de costume, deixando passar e em momento algum pedi socorro. Uma casa com tanta fartura, uma vida cheia de planos como a minha sempre foi, dispensa algumas coisinhas bobas, dispensava cada vez mais, quando meu pai chegava em casa contando sobre mais alguma empresa, mais trabalho, mais prosperidade, vocês vão estudar , engenharia , pode escolher , serão sucesso , quero ver ganhando bem , pense grande menina, como seus irmãos . E assim, cresci. Não como eles queriam, provavelmente. Mas meu pai sempre me mantinha debaixo de um olhar sereno, ás vezes nervoso e preocupado, mas calmo, como quem sabe o que fazer caso tudo na minha vida desse errado. Não deu errado. Nem sei, diante dos antigos parâmetros, o que deu certo. Mas cá estou. E depois de escolhas tão diferentes, destino e coração tão distintos daquela casa, me pergunto hoje o porque desse vazio. Ho
Como na época que não sabia medir sozinha o espaço para passar da porta, hoje não sei medir o espaço do tempo que tenho. Que terei. E terei muito, eu sei. E assim como eu me machucava sozinha aos treze anos, esbarrando nas pernas da cama, perdendo as canelas, os ombros nas portas o rosto no armário, meu medo é esse. Me embolar nas minhas próprias pernas hoje, cair sem saber levantar, deixar o tempo passar desfilando na minha frente tudo que perdi. Ou deixo ele ir, eu o prendo na mente, calculando quantas horas exatamente terei para entreter o coração aos fins de semana ou quantos dias espero para as unhas crescerem outra vez. A ansiedade as cortou pelo pé. 
Vai ver é assim mesmo. O ponto forte que a gente tem, é resultado de um ponto fraco, escondido no meio das pernas, quando as cruzo com firmeza ao me sentar sozinha em qualquer banco de praça por aí. Aos poucos fui percebendo, que não me doía nada entregar o que tinha em mãos, a tomar um tempo escutando uma história a fim de uma opinião, a ajudar quem estivesse por perto, com um favor simples. Difícil é contar meu segredos, é dividir minha vida, é ter a coragem de deixar chorar o que eu precisar, sem vergonha ou medo de ser taxada de fraca. Difícil sempre foi, acreditar que eu valho a pena. Não pra mim mesma, mas para os outros. Se sempre quis um quarto em casa só pra mim a fim de ficar sozinha. Sempre questionando as paredes sobre o primeiro beijo, o primeiro amor e quase nunca, uma incrível amizade. Se ser forte é estar só, internamente só, e assim permanecer sem deixar entrar qualquer palavra que adule esse medo vicioso da solidão. Ali fora, todos se encaixam em algum lugar. E até