Como na época que não sabia medir sozinha o espaço para passar da porta, hoje não sei medir o espaço do tempo que tenho. Que terei. E terei muito, eu sei. E assim como eu me machucava sozinha aos treze anos, esbarrando nas pernas da cama, perdendo as canelas, os ombros nas portas o rosto no armário, meu medo é esse. Me embolar nas minhas próprias pernas hoje, cair sem saber levantar, deixar o tempo passar desfilando na minha frente tudo que perdi. Ou deixo ele ir, eu o prendo na mente, calculando quantas horas exatamente terei para entreter o coração aos fins de semana ou quantos dias espero para as unhas crescerem outra vez. A ansiedade as cortou pelo pé.
Eu falo como se fosse a primeira vez. Sinto medo como se tivesse ainda quinze anos. E já que falar tudo que eu queria não tá adiantando muito, não vai mudar... eu peço que faça qualquer coisa, pra eu não ver mais beleza em qualquer lugar ou coisa que tenha você. Grata.
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