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Mostrando postagens de novembro, 2010
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Pessoas do meu círculo nos últimos três anos. Óbvio que falta gente. Todo fim de ano alguém vai embora. Por isso a tristeza. Nunca se sabe, antes que o ano acabe, quem é que se vai.

A minha mãe.

Mãe no computador. - Qual o número Karol? - Telefone na mão. - Moto táxi Sofia... - Sofia o que que eu faço pra terminar aqui? Que mais tenho que por? - Que que cê tá fazendo mãe? Facebook pra que? - Ahn? Só quero me cadastrar aqui ó! - Nem no seu orkut cê mexe mãe... pra que facebook? - Mas o que que é isso que cê tá falando? Não é o site da Avon não? Mãe na hora do banho. -Qual é a sua toalha Diego? (Silence) -Qual sua toalha Sofia? (Silence) -Qual sua toalha Davi? -Não mãe, banho não! -Banho AGORA Davi! Porco! Mãe na pizzaria. -Quero uma cuba. (30 min. depois). -Sofia, a ex do seu pai ali atrás. -Que ex o que! Eu fiquei com ela, devia ter quinze anos... -Olha lá Sofia! Olhando pra mim! -Ela nem deve lembrar de mim. Eu só saí com ela! -Nossa, tá magrinha, bonita mesmo. Mas perdeu, quem casou com ele fui eu. -Nem sei se é ela, a irmã gêmea dela ta junto. (10 min. depois) -É ela sim. Quando foi embora fez um bico olhando pra mim. - ... Mãe na limpeza.
Meu pai, você não deve continuar assim. Tenho dito entre as portas batidas na hora do nervosismo, não deve permanecer assim. Esse copo não lhe faz bem meu pai. E faço mal à sua solidão. Me senti inútil quando vi nos seus olhos, aquela coisa que eu chamo tristeza. Aquele olhar fundo, me procurando pequena. Que falta me fez voltar no tempo. Poder consertar um bocado de coisa que me contaram, e que também vi. Eu sei quem é você meu pai. E, sinceramente, parece até com meus irmãos. Jeito meio bobo de pensar tantas vezes. Deslumbrar com essas coisas que o mundo inventa, que dizem trazer vida boa. Vida boa pra mim, estava na sua pasta de música, naquele seu violão velho no quintal com minha mãe cantando. A gente nem tinha muita coisa. Mas nem tanta coisa era preciso. Tinha lá seus copos e garrafas espalhadas pela casa. No final, minha barriga doía de tanto comer. Tudo bem porque eu sei que não dava tanto valor. Mas sei o quanto era feliz. E quer saber? Eu me sentia bem, mesmo só ouvindo. Mes
Não, eu não posso ter nascido para dar tanto trabalho. Impossível. Ai Deus, manda essas ínguas embora!
Pela primeira vez, depois de muito tempo, senti o que é o tédio. Senti uma ponta, foi como nostalgia. E procurei analisar cada detalhe desse tipo de dor que mistura preguiça a tristeza. Quase me vi sem os pés, ou sem as mãos. Me lembrei das tardes sozinha no quintal, numa cidade onde não gostava muito de morar. Desenhava nas pedras de ardósia, contava histórias, cantava sozinha, e tentava imaginar como seria o mundo lá fora de casa. As ruas nos domingos e feriados eram sem graça, não havia nada e ninguém. Doía profundamente. Aquilo sim era o tédio. Não é isso que dizem quando não se tem nada a fazer e, continua-se conectado com o mundo num computador. Não é nem aquilo que dizem quando se tem somente preguiça. Tédio é o que sentia quando chegava naquela cidade do sul, fim de domingo, cansada de chorar, ligava a tevê e não conseguia mais parar de sentir dor e saudade. Era quando eu tinha uma janela que dava para os fundos, via uma casa pobre onde uma criança chorava sempre. Era quando eu
No instante em que vivia, tinha bifurcações em seus pensamentos para definir enfim, como ela mesma era. Seus esforços contínuos e elogios sobre sua grande determinação tapava o medo de ser a pior. A índole era e sempre foi competitiva. Coisa que o pai incentivou: seja a melhor. Sempre. Mas naquele mês seu ego estava pequeno, quase sem sentido. Resumiu-se em uma das provas que fez. Nota mínima. Como fazia na época da escola, chorava na cama. 'Merda, quase nada acima da média'. Esforços pareciam não valer nada. Foram os anos mais difíceis da sua vida, mais intensos e mais medonhos também. E, por isso, pensou em se resumir de tal forma: intensa e medonha. Mas era pouco. Não abrangia os sorrisos de quando esquecia as circunstâncias em que vivia. Suas escolhas pareciam loucas. Daquelas que só se faz quando se tem garantia de vida boa sempre. Casa, comida, a roupa ela lavava. Mas não teria tudo isso por muito tempo. Definiu-se inconsequente. E foi levando. Está levando. Percebeu q
Essa gripe maldita, nesse mês que pra mim, sempre foi meio macabro, só deixa mais vivo meu mundo cheio de manias. Tenho peculiares problemas com novembro. Meus últimos cinco novembros não foram muito bons. Tenho plena consciência que o ciclo pode não parar nunca. Meu corpo dói, o mundo se agita cada vez mais e eu me sinto dentro de um carro que corre, quase voa pela velocidade que ganha. Todos tomam suas decisões e eu apenas aceno com a cabeça, inerte. Estamos na mesma meu bem. Inércia vem de um movimento totalmente brusco, pois, veja minha vida. Veja nossos olhos e o quanto escuro ficaram. O cabelo já sem vida, eu acredito que o corpo reflete a alma. De repente cresci, em meio argumentos defensivos e planos nada inocentes. Não somos mais crianças. Não tenho comigo mais fadas. E hoje, o que delata meu prazer instantâneo é um sono bem dormido ou o simples fato de poder ter dez minutos de observação do rosto que amo. Se possível, no silêncio pleno.