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Mostrando postagens de junho, 2013
Não saio por medo da volta. Não creio por medo da solidão. Não enxergo por medo da cegueira. Não sorrio por medo do devaneio. E depois de tanto treinar a para a vida regrada, cresci nesse perímetro que protege. Cercada de arbustos e espinhos. Dentro de um castelo friamente confortável. Ás vezes enjoa, mas é melhor. Se um dia não houver ninguém, não haverá dor. Se um dia faltar água, que seja lá fora. Se em algum momento há descontrole, que se vão as partes que interferem. Qualquer coisa eu grito. Mas não me deixem sair daqui. Refém do próprio silêncio. Não o que deixo de falar, mas o que resta quando alguém responde. Da própria solidão, que finjo ter, esperando o dia que ela realmente chegue. Do próprio esquecimento, que sempre acontece entre ser o que querem, o que quero e o que sou de fato. 
No meio do telefonema, além de pedir pra que eu não fosse às ruas, ele disse o que eu mais temia que saísse da boca. "Eu sei que é necessário, mas você, você não precisa disso. Com o Brasil bom ou ruim, você tem boa universidade, vai estudar fora, eu sempre pago tudo". É aí, onde tudo tem que mudar. 
Sei tanto de mim, que depois de tanto tempo chorando segui o fluxo que manda o sistema dos fortes. Diziam que não tinha motivos, que fingia de fraca com a barriga cheia. Do amor, quando a gente se queixa e não há  pão e circo que abasteça. Mas voltando à tal solução, veja bem, encarei o espelho sem pedir conselhos e o silêncio falou. E tudo ao redor secou. Só protejo aqui, dentro de mim.
Par de olhos fechados, respiração calma. Eu poderia ficar a vida inteira ali. Esperando abrir e fechar de novo o par, se virar e nunca dizer nada. Eu queria mesmo ficar o dia inteiro ali. Ganhar a certeza de que não foge, e que se fica, fica porque é bom. Uma súbita ameaça dentro de mim, pede pra que fique a manhã inteira ali, sob qualquer teto e janelas que não deixem que te levem de vez. Algo fisga no meu peito, os olhos quase se abrem. Eu falo baixinho que não, não vamos nos perder. Imponho. Um braço me puxa pra perto. Corpo colado. Melhor assim.
Sinto falta de escrever. E escrever sobre o futuro, como fazia quando comecei com tudo isso de textos como presente, como refúgio ou como descobertas. Mas acredito que ainda sinto necessidade, de revirar meu passado em lembranças pra entender o que tantas vezes encontro de errado, ou de incômodo em mim. Porque espelho pra mim, muitas vezes é o papel.  Antes de escrever, me lembro de deixar a cabeça doer por tanto pensar, e tentar guardar todos os pensamentos na cabeça, enquanto meu pai dirigia. Eu fazia aquele percurso com minha família, umas três vezes na semana, e acabava tendo tempo demasiado para pensar e voltar a pensar nas mesmas coisas, buscando me lembrar das mesmas coisas. Me lembro bem, que um dos meus maiores medos era ter aquela vida estranha, de casamento e filhos, muito trabalho e nada mais. Havia decidido logo que queria sair dali, daquela cidade pequena demais. Me sentia egoísta, mas era tudo pouco pra mim. Assim que meu pai me perguntou sobre qual curso queria f
Uma vontade engolida, me aperto a garganta, digo que não posso, por medo do não corresponder. Me estremece o corpo, só de fechar os olhos e pensar em dois segundos, que eu dissesse, com mais vontade ainda, por ter guardado mas ter sentido. Mesmo que não faça sentido algum ter guardado, porque sabe bem quem unicamente estremece meu corpo sem ao menos saber de nada, sem ao menos dizer uma palavra. Aperto minha boca com a mão. Me devora . Aperto um pouco mais. Me devora . Nem ao menos me imagina assim distante, pedindo socorro com o corpo pegando fogo. Me devora .