No meio do telefonema, além de pedir pra que eu não fosse às ruas, ele disse o que eu mais temia que saísse da boca. "Eu sei que é necessário, mas você, você não precisa disso. Com o Brasil bom ou ruim, você tem boa universidade, vai estudar fora, eu sempre pago tudo". É aí, onde tudo tem que mudar.
Voltou aquele sorriso tímido que eu media milimetricamente de longe, para considerar que era sim um momento de felicidade. Voltou o 'bom dia' mais legal, as perguntas sobre a vida e a 'boa noite' pedindo o abraço que eu ainda não sei dar. Voltou sem seu violão melodramático, no quintal solitário, porque voltou contente. Voltou sem julgar nada, ninguém, nem mesmo ele. Voltou meio ciumento, mas hoje olha pra mim e vê, porque sabe que há espaço pra ele também. Voltou pra mim e marcou seu território, aqui dentro e pelo mundo, daqueles que, apesar de tudo, eu ainda admiro. Meu pai voltou.
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