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Mostrando postagens de julho, 2010
Em tempos de muito a fazer, eu acabo não fazendo nada. Deixo de lado as coisas que antes fazia e que gosto ainda, pra resumir o tempo em duas ou três coisas. Não como mais as unhas, tento pintá-las semanalmente, mas o esmalte parece comestível. Não ouço mais tanta música, e ao invés de voltar a conhecer novas, me tranco no passado, ou tento tirar as manchas de nostalgia das imagens que me vem à cabeça quando escuto esse, ou aquele trecho, ouvindo sempre os mesmo álbuns. Não fico horas conversando com pessoas que na verdade nunca vi, e praticamente não vejo mais os amigos. Não tento ler nada em espanhol, não leio nada tão novo além de notícias macabras sobre o governo e sobre os assassinatos mais loucos. Aprendi a ter certas maldades com qualquer pessoa. Aprendi a desconfiar de mim mesma e das minhas próprias intenções. Aprendi a associar pessoas que podem ser perigosas a mim ou a quem amo, às que já me fizeram mal, ou me machucaram de alguma forma, pra reduzir o tempo de análise. Apren
A plenitude sagrada dos dias normais, preenche o espaço, que há pouco eu não sabia que estava vazio. Sou pequena demais, e meu ser compreende tanta coisa, que gotículas que sejam, de felicidade transformam-me em um mar, inteiro, rico em sorrisos e boas vibrações. Completo, eu digo que está, mas também digo, que farei o possível para dizer amanhã bem cedo: falta algo. É só a mania de buscar mais e mais. Eu sei que é saudável. E de saúde podemos muito bem falar. Nós, que já sentimos na carne a busca da dor física para que a dor psicológica fosse embora. Nós que sabemos o que é perder o ar, a voz, e cabelos, por ouvir, apanhar e dormir soluçando de medo. Tudo vale, tudo vale. E aí, num dia desses, normalíssimos, o corpo pesado depois do trabalho, depois de cozinhar e atender a todos consigo concluir com fé, que valem os dias normais, sem mais abismos no ser, sem tantas surpresas malignas. Apenas a surpresa de saber que se está aqui.
Daqueles dias em que o espelho te olha e te manda à puta que o pariu. E quando você acredita que nunca vai mudar nadinha na sua vida, e que, já passou tempo demais e as coisas ficaram iguais. As vezes, eu não digo o que condiz. Mas eu acabo gostando do estrago.
Eu não sei escrever frases célebres, e sei pouco sobre a complexidade ortográfica. Só queria entender um pouco mais sobre os rostos e expressões que passam a minha frente e principalmente os que, me rodeiam e me mostram o cotidiano. Mas descobri que entender, não é o verbo que vou conseguir conjugar. Posso sentir a vibração de rostos e corpos alheios. Posso pensar e gritar junto às vozes alegres que me rodeiam. Mas entender, ah, prefiro nunca entender. É um do melhores desafios, poder preencher todo meu ser com essas vibrações, com aquele olhar brilhando em minha direção. Com aquela risada frenética depois de uma piada estranha, que nem ele mesmo entendeu. Ouvir todas as bocas das pessoas que mais amo no mundo, mastigando a pizza juntos, e trocando talheres, temperos, histórias... Preenche minha alma, daí, me dá uma vontade de contar pro mundo inteiro e dizer que eu ainda não venci, mas acredito estar no caminho correto.
Eu vou estar, em cada lugar onde estiver um lírio, te chamando para um desafio. Novos e incríveis, como pegar as malas e sair por aí, andando de trem pela primeira, de muitas vezes. Ou como ver filmes que vào marcar pra sempre, como marcou sua pele com aquele sol. Eu vou estar, pode ter certeza, até o fim dos tempos, quando cessarem os ventos e me encontrar na briza rara. Vou ficar nesses cachos com aquele cheiro que pedi pra tirar. Vou estar em todos os quartos onde um dia me encontrou, nos travesseiros molhados por ter chorado muito tempo. Nas vozes e gritos de felicidade, ondas que se propagaram pelo mundo quando eu dizia que estava chegando. Em todas as bonecas espalhadas no armário, e nos vagalumes que eu me confundia, pensando que eram fadas no seu jardim. Na sua xícara de chá, seja do que for, eu vou sim descer por sua garganta e te esquentar todo o corpo. É, eu vou estar aí, bem aí, dentro de você. Acho que é mais ou menos isso. Essa noite fez calor. Mas isso n
Essa pinta de careta que me consome pelas noites mais intensas. Esse mundo inteiro que vejo espalhados em rostos tão distintos. As ruas tão desconhecidas e simultaneamente tão bem vindas pra mim. Pra minha vida. Tudo isso, e aos poucos um pouco mais de rostos e vozes finas me fazem permanecer exatamente onde estou. Me fazem firmar quem sou, o que quero e o que (ainda) detesto. Sinceramente, criei asas. Mas isso não quer dizer que vou sair a voar por aí, sem destino. Quer dizer que conheço um pouco mais de tudo e todos. Mas ainda sou figurante pelas ruas, e sabe bem, que odeio entrar em cena. Odeio, porque tudo muda, do oito para o oitenta. E se mudar, talvez não volte nunca mais ao que era antes. Vou ser sempre careta, calada, e observar cada detalhe. Vou estar provavelmente sóbria, sem medo de fazer nada do que realmente quero. Eu nunca precisei forjar nada. Eu só digo que, sigo o ritmo da música, sempre. Mas se trocar a vitrola meu bem, se trocar a vitrola... talvez eu cante pra mim.
Não quero ser suja baby. Quero ser sua e só. Mas hoje entendo parte daquele poema que escreveu outro dia. E hoje vou te explicar uma coisa. Não sou suja, não somos. É que temos ás vezes a carne tão viva e a pele tão repulsante, que nos faz vibrar a ponto de pensar que podemos invadir o corpo alheio. Isso não é sujeira. É entrega. Assim vai levando a vida. Se arrisca, petisca e se entrega. Erra, corre e conserta. ____________________________________________ Me lembro de um dia dizer, olhando pra mim: a vida é pra viver mesmo. Se tiver medo demais, cautela demais, vai perder toda a graça. Me dá a mão que eu te ensino a voar. E mesmo depois que aprender a voar sozinha, não se preocupe, ainda vou estar aqui.
-Desça já daí menina! - Gritei sem muito pensar. Se tivesse parado e refletido, aquele grito poderia ser fatal. Ninguém me respondeu. -Ok, então terei que chamar mais alguém pra te tirar daí de cima. - Uma ameaça, que a fez olhar pra mim e deixar o abismo que estava logo ali por instantes. -O que quer? - Perdi o controle. Silêncio novamente. Voltou-se para o vácuo e a vista da cidade lá embaixo. Foi um vácuo também que me invadiu o peito, apertou tanto que pensei estar fazendo alguma coisa errada. Eu, particularmente estava muito bem e havia subido a serra a fim de liberar minhas energias positivas naquele dia. Tentava deixar de ser egoísta e passar a acreditar que, ali, naquele lugar, se concentravam energias de toda a cidade. -A vida não é boa pra todo mundo. - A voz saiu seca, fraca. É só. -Mas é a vida. - Falei meio ignorante. A garota desceu com os olhos baixos, o corpo trêmulo e andar nervoso. Desceu de uma pedra alta, que era fim de um pequeno monte. Abaixo era um a