Essa pinta de careta que me consome pelas noites mais intensas. Esse mundo inteiro que vejo espalhados em rostos tão distintos. As ruas tão desconhecidas e simultaneamente tão bem vindas pra mim. Pra minha vida. Tudo isso, e aos poucos um pouco mais de rostos e vozes finas me fazem permanecer exatamente onde estou. Me fazem firmar quem sou, o que quero e o que (ainda) detesto. Sinceramente, criei asas. Mas isso não quer dizer que vou sair a voar por aí, sem destino. Quer dizer que conheço um pouco mais de tudo e todos. Mas ainda sou figurante pelas ruas, e sabe bem, que odeio entrar em cena. Odeio, porque tudo muda, do oito para o oitenta. E se mudar, talvez não volte nunca mais ao que era antes. Vou ser sempre careta, calada, e observar cada detalhe. Vou estar provavelmente sóbria, sem medo de fazer nada do que realmente quero. Eu nunca precisei forjar nada. Eu só digo que, sigo o ritmo da música, sempre. Mas se trocar a vitrola meu bem, se trocar a vitrola... talvez eu cante pra mim. Ou talvez eu conheça músicas bem diferentes e, mesmo fora de cena, eu dançe lá no fundinho, discreta e sem jeito, como sempre fui, e sempre serei.
Voltou aquele sorriso tímido que eu media milimetricamente de longe, para considerar que era sim um momento de felicidade. Voltou o 'bom dia' mais legal, as perguntas sobre a vida e a 'boa noite' pedindo o abraço que eu ainda não sei dar. Voltou sem seu violão melodramático, no quintal solitário, porque voltou contente. Voltou sem julgar nada, ninguém, nem mesmo ele. Voltou meio ciumento, mas hoje olha pra mim e vê, porque sabe que há espaço pra ele também. Voltou pra mim e marcou seu território, aqui dentro e pelo mundo, daqueles que, apesar de tudo, eu ainda admiro. Meu pai voltou.
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