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Mostrando postagens de setembro, 2011
Se eu desapareço assim, do nada é que voltou aquela sensação ruim no meu peito. Eu sinto uma falta do que já fomos. Das descobertas. De cada detalhe. E aí a única coisa que me resta é me esconder de todas as lembranças.
Deixa eu tentar explicar, de onde vem esse sentimento de paz que me invade. É que eu queria que todos sentissem. Não necessariamente junto comigo, mas que sentissem de um jeito ou outro. Sabe, esse sentimento que vem depois de cumprir missões, depois de deixar quem eu queria sorrindo e depois de já ter feito tudo que podia ser feito. Acontece que estamos hoje aqui, todos juntos mas um dia eu vou embora. Mais do que óbvio, irei e vou levar quase toda minha essência. Essas coisas importantes que a gente sabe que tem. E aí, sinto que vou cedo. Não, não tenho medo. Não fico com pensamentos do tipo que matam, que me fazem parar de viver. Vou viver tudo que tiver que viver por aqui, mas sinto que não me demoro. Quero deixar nas mãos de pessoas que importam, os mínimos detalhes que aqui aprendi. E queria que aprendesse também menina, a cultivar essa paz. Olha, eu vou te esperar por lá. Eu vou, mas eu prometo (a única coisa que prometo) que te espero no plano em que eu estiver. Por você e por
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Richard Bach - Longe é um lugar que não existe. Foi o primeiro livro que li. Depois de entender a história, parei a aula de português na segunda série e pedi a professora pra ler em voz alta. Eu disse antes de começar: tô lendo em homenagem a Ana Paula. Acho que ninguém ali faria aquilo por mim, nem a própria Ana Paula. Em questão de dois minutos lendo, mais ninguém na sala queria ouvir. Eu resumi a leitura. Fechei o livro e me senti com missão cumprida. Cerca de dez anos depois eu vi Ana Paula na rua. Mas ela já tinha se esquecido do meu rosto. E do livro também.
Barulhos e entulhos preenchem minha cabeça de tal forma que procuro um abrigo em qualquer olhar confortante pelas ruas do centro. Não tanto pela dor, mas o incômodo que causa essa falta de foco do outro, da moça do lado no ônibus, do cara correndo lá fora, de quem quer comida, de quem na verdade daria tudo pela vida no lugar certo, nos dias certos, com o a galera certa. Eu só estava fugindo de dores, de dramas e quando citei uma música e o artista já queriam me julgar. Eu só queria comer meu sanduíche em paz, mas o pacote caiu no chão e me olharam com um jeito condenante. Eu só estou tentando simplificar tudo, ao máximo. 
São nos meus dias mais críticos que volto a ler a frase: "Independente do que aconteça, seja bom ou ruim, a gente sempre vai ser uma da outra." Não sei agir, nem falar. Parei no tempo e espaço.
Eu só não vou mais, nadar contra a correnteza com aquele ânimo de uma jovem de quinze anos. Nada de morrer de cansaço, sofrer como uma louca, questionando meus atos tão sinceros. Putz, é tão libertador, mesmo que por horas, sentir que posso ter o meu caminho, meu, trilhado e criado por mim, com todas as minhas escolhas selecionadas a dedos e cálculos milimétricos. Nada é pra sempre. Nem o início e nem o fim.
Essa rotina fácil de quem levanta, toma o café, e só volta para almoçar e jantar. Vivendo em multidões solitárias, me perco olhando pregos, becos, janelas. Isso tudo me afaga, como se qualquer objeto cortante fosse me confortar. E a cada gritinho de socorro que dou, penso que dar trabalho aos outros é coisa feia demais. Me fecho, e aprendo a dar sorrisos contínuos, a falar sobre novela, filme novo, aquele ator bonito. Não há nenhuma conclusão. Não aprendi tudo ainda. Não sei direito de onde tirar a espontaneidade, o sorriso fácil pra qualquer um na rua. Tudo aqui me parece plástico demais. O corpo, as unhas, o cabelo e o coração pegando fogo, derretendo e queimando tudo por dentro.
"Antes eu sonhava, agora já não durmo. Quando foi que competimos pela primeira vez? Não estou mais interessado no que sinto Não acredito em nada além do que duvido"
Nunca pedi que lessem meus textos. E escrevo necessariamente porque não prefiro contar tudo a alguém. Parece contraditório dizer isso e escrever tudo isso aqui, sendo que o mundo inteiro tem acesso. Sim, o mundo inteiro pode vir ler, se quiserem. Mas o blog não vai vir reclamar comigo, dizendo que se cansou da minha vida, dos meus mesmos dilemas, dos ciclos repetitivos, da minha ansiedade, dos meus dramas... ao contrário das pessoas. Vejo todas elas fartas, talvez mais cansadas do que eu, do meu próprio dilema. Não querem saber mais da mesma história. Troca o canal. Aumenta o volume, mas troca o canal, vira a página. Ou então começa o livro de novo, mas fica calada.
" I'll keep you locked in my head, until we meet again, until we meet again."
Entendo quando concluo que aprendi milhares de coisas durante os últimos anos. Mas concluo que desaprendi também. É preciso recomeço pra mim. Já não sei recomeçar, me perder por erros bobos, mas me reencontrar logo depois. Fico vagando por entre as lembranças, com a cabeça cheia de responsabilidades, coisas a fazer, a planejar. Eu sei, tenho um futuro lindo a construir, e é agora. Mas aí, pensar que o futuro que eu havia superficialmente planejado, se descarrilhou desesperadamente por entre os trilhos, me deixou fraca a ponto de ter que parar no meio da estrada. Por hora estou aqui, sozinha. Mas prometo a mim mesma retomar minha caminhada. Eu e todas essas peças dilaceradas pelo chão. Me basta Deus, minha mala e meu espírito. 
O vento frio me deixa a vista, experimentação, medo, fúria, crise. Mas por incrível que pareça não quero jamais voltar a me acostumar com o mundo conforto. Se ele um dia voltar a me acolher, acalentar, ou simplesmente a me olhar de um jeito amoroso, trato logo de verificar se é verdadeiro, se é limpo, se não vai mesmo machucar. Até lá, sigo enfrentando esse pedaço de gelo que se instala aqui dentro.