Deixa eu tentar explicar, de onde vem esse sentimento de paz que me invade. É que eu queria que todos sentissem. Não necessariamente junto comigo, mas que sentissem de um jeito ou outro. Sabe, esse sentimento que vem depois de cumprir missões, depois de deixar quem eu queria sorrindo e depois de já ter feito tudo que podia ser feito. Acontece que estamos hoje aqui, todos juntos mas um dia eu vou embora. Mais do que óbvio, irei e vou levar quase toda minha essência. Essas coisas importantes que a gente sabe que tem. E aí, sinto que vou cedo. Não, não tenho medo. Não fico com pensamentos do tipo que matam, que me fazem parar de viver. Vou viver tudo que tiver que viver por aqui, mas sinto que não me demoro. Quero deixar nas mãos de pessoas que importam, os mínimos detalhes que aqui aprendi. E queria que aprendesse também menina, a cultivar essa paz. Olha, eu vou te esperar por lá. Eu vou, mas eu prometo (a única coisa que prometo) que te espero no plano em que eu estiver. Por você e por toda a sua essência, que é mesmo o que importa. Aí você vai entender. Independente de corpos, distâncias e fugas, o pra sempre é outra coisa e o amor também.
Voltou aquele sorriso tímido que eu media milimetricamente de longe, para considerar que era sim um momento de felicidade. Voltou o 'bom dia' mais legal, as perguntas sobre a vida e a 'boa noite' pedindo o abraço que eu ainda não sei dar. Voltou sem seu violão melodramático, no quintal solitário, porque voltou contente. Voltou sem julgar nada, ninguém, nem mesmo ele. Voltou meio ciumento, mas hoje olha pra mim e vê, porque sabe que há espaço pra ele também. Voltou pra mim e marcou seu território, aqui dentro e pelo mundo, daqueles que, apesar de tudo, eu ainda admiro. Meu pai voltou.
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