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Mostrando postagens de janeiro, 2011
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Saiu e chegou de todos os recintos, sentindo a tinta escorrer pela testa: erro. Era o que tinham escrito por ali. E exibia, como um troféu. Afinal, já se esclarecia que conserto não havia. "Nasceu assim, pobre. Vai ficar só. Ninguém aguenta tanto erro." Foi fazendo aos poucos, a questão de errar, pra saber então no que mudaria. Nada, pois erro por erro, não haveria que anular nada. Só somaria. Então, preferiu viver a vida, como se não houvesse erro algum em parte alguma. "Têm razão", afirmava sempre que os gritos estridentes começavam. Só queria paz. Nada de drama, voz de morte, de dor, que se quer existe. Se lágrimas significassem dor, talvez estaria líquida. E sobrevive. Até vive mesmo. Contente. Com os erros. Sem satisfações, sem pesos. Mas a mãe continua a gritar lá fora. Ás vezes o telefone grita. Ás vezes o olhar assusta. É quando ela passa o dedo na testa e conserta a palavra escorrendo: erro.
Fé na festa, fé na testa, testa, pra ver se pega.  Fé como esta, que festa, testa e pega.  Põe que pega, põe na testa que vai dar festa!
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from  http://-downbythewater.tumblr.com/ Havia um vidro e eu me encostei. Ouvia o telefone no banco da frente, e ele falava sobre os negócios, claro. Negócios que o cara teria de fazer pra ir bem na empresa. Foi aí que a chuva começou. Mormaço ali dentro, eu que sempre sinto frio, queria pegar um pouco de chuva. Olhei pra cima e conseguia enxergar os pingos caindo sobre a janela. Foi divertido. Me lembrei dos meus cinco anos no banho, enfrentando o chuveiro: olhava pra cima e tentava conversar com a Téia. Parece que ela me protegia de alguma forma. De me engasgar por exemplo, enquanto conversava sobre a filha que eu teria quando crescesse. Ás vezes minha mãe passava e perguntava: - Com quem você tá falando ? - Com a Téia mãe!. Ela sorria e saía. Eu sempre falava tudo pra Téia e ela sempre acreditou em mim. Contei sobre os tapas e puxões de cabelo que levei da babá. Só ela acreditou. Ela me ensinou um bocado de coisa naquela casa, antes de ir embora de vez. Nossa casinha era desmanch

Sob frases, os corações.

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Ela sempre tentou me impressionar com jeito rápido de escrever. Sempre ria e dizia que eu catava grãos nas teclinhas. Desde sempre soube da minha paixão por letras, frases, grandes textos. A boca entorta de nervoso, pra conseguir se concentrar ainda mais e conseguir maior velocidade. Ela é voraz, confesso. E entre o ato de conhecer e amar, a gente nem vê o tempo passar. Mas vai lá, eu mais uma vez analisando alguém através de frases. Ditas ou escritas. Suas estruturas. Ai, como amo as pessoas e as letras. Amo misturar tudo, e ficar pensando em frases que citam suas feições. A dela principalmente, as outras não vêm ao caso. Sempre que me escreve, ou escreve pro mundo, não sei bem se desabafa, se limpa a alma ou se a encharca de mais desespero. Suas frases parecem enormes. Frases que estão quase sempre a gritar, exclamações mais exclamações. Ás vezes, parece que quer retomar aquele ar de calma e começa outro parágrafo. Ou surge um ponto precioso, pra deixá-la pegar fôlego. Quando leio tu

Comece com uma dose.

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Experimente me ver com outros olhos. Nem tão bem, nem tão mal. Experimente ter uma conversa com quem mais conhece, como se havia conhecido há um mês atrás. Experimente ser casual com quem é cotidiano. Experimente mudar quase tudo. Experimente se olhar no espelho. Experimente dizer "gostosa" a si mesma. Experimente se impor a você mesma. Experimente se surpreender. Experimente ter deja vu. Experimente sorrir com esse texto surpresa. Experimente dizer não ao resto e sim a você. Experimente fazer as mesmas perguntas, antigas sobre cor, filme, música e comida. Experimente seu próprio sabor, comida, filme e cor. Não é auto ajuda. É dica. Eu juro.
Acordei pela quarta vez, na sala com colchões espalhados. Fiquei olhando teto, bonito. Uau! Dois mil e onze. É clichê, mas eu caio na minha frase todos os anos. E me causa nostalgia. Que mais eu faço? Penso: o que eu estava fazendo há um ano atrás? Bem, estava no trem, voltando pra casa com ela, e perguntando se seria legal, não fechar as janelas de alumínio (ou o que quer que seja) quando pedissem, porque eu queria saber se era verdade o índice de apedrejamento. Eu tentei contra a vontade dela e, deixando uma fresta aberta, avistei um muleque sem camisa mirando a abertura com um tijolo. Fecha! É, foi divertido. Eu me lembro que disse: olha, aqui é Santa Bárbara, cidade da Mariana. Depois escutei as histórias de escola, que, confesso, me chocaram e me deixaram com medo. Senti naquele chão frio, saudade da minha família. Está sempre perto, mas há um quê de distância. Mundos diferentes, talvez. Me sinto na porta de casa, com as malas meio abertas, roupas pulando pra fora. Não sei bem pra