Saiu e chegou de todos os recintos, sentindo a tinta escorrer pela testa: erro. Era o que tinham escrito por ali. E exibia, como um troféu. Afinal, já se esclarecia que conserto não havia. "Nasceu assim, pobre. Vai ficar só. Ninguém aguenta tanto erro." Foi fazendo aos poucos, a questão de errar, pra saber então no que mudaria. Nada, pois erro por erro, não haveria que anular nada. Só somaria. Então, preferiu viver a vida, como se não houvesse erro algum em parte alguma. "Têm razão", afirmava sempre que os gritos estridentes começavam. Só queria paz. Nada de drama, voz de morte, de dor, que se quer existe. Se lágrimas significassem dor, talvez estaria líquida. E sobrevive. Até vive mesmo. Contente. Com os erros. Sem satisfações, sem pesos. Mas a mãe continua a gritar lá fora. Ás vezes o telefone grita. Ás vezes o olhar assusta. É quando ela passa o dedo na testa e conserta a palavra escorrendo: erro.
Eu falo como se fosse a primeira vez. Sinto medo como se tivesse ainda quinze anos. E já que falar tudo que eu queria não tá adiantando muito, não vai mudar... eu peço que faça qualquer coisa, pra eu não ver mais beleza em qualquer lugar ou coisa que tenha você. Grata.
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